• Carregando...

Dez escolas do Paraná estão sendo investigadas pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), da Polícia Civil do Paraná por suspeita de envolvimento em um esquema de falsificação e fornecimento de certificados e históricos escolares que comprovariam a conclusão de Ensino Fundamental e Médio, mesmo sem que o aluno tivesse comparecido às aulas.

A segunda fase da Operação Volta às Aulas -- que teve a primeira fase deflagrada em dezembro do ano passado -- aconteceu na quarta-feira (22). Agentes cumpriram mandados em oito cidades do estado: Curitiba, Pinhais, São José dos Pinhais, Ponta Grossa, Piraí do Sul, Guarapuava, Londrina e Maringá.

O esquema, de acordo com a polícia, abrangia a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) a distância. Quatro dos cursos investigados ficam em Curitiba. São eles: Interathyvo, Síntese, Paraná Curso e Instituto Brasileiro de Ensino à Distância (Ibed). Dois estão localizados em Ponta Grossa -- Microlins e DEMED (atualmente fechado). Em Londrina, a polícia investiga o curso CDF Vestibulares e em Guarapuava, o CEAD Unifass. Em São José dos Pinhais, o curso Sydheral está sendo investigado e em Piraí do Sul o alvo é a Escola Zeus. Outros quatro cursos localizados no em Cuiabá (MT), Rio de Janeiro (RJ) e em Nova Iguaçu (RJ) também teriam envolvimento no esquema.

Durante a operação desta quarta, também foram cumpridos mandados judiciais no Mato Grosso e no Rio de Janeiro, onde cinco pessoas tiveram prisão preventiva decretada. No Paraná, duas pessoas foram presas : Luiz Augusto Fumaneri, dono do Ibed, em Curitiba e Túlio Alencar, que teria trabalhado no curso, foi preso em Londrina. Durante a operação, uma funcionária da Secretaria do Estado da Educação (Seed) foi conduzida coercitivamente a prestar depoimento.

De acordo com Levi de Andrade, advogado que representa Luiz Augusto Fumaneri, o empresário comprou a escola a menos de um ano e que não tinha envolvimento com nenhum esquema criminoso. Andrade se disse surpreso com a prisão. “Em nenhum momento ele deixou de colaborar com a Justiça, desde a primeira fase da operação”, afirmou. Ainda de acordo com Andrade, Fumaneri, que sofre de trombose, foi encaminhado ao Complexo Médico Penal, em Pinhais e deve prestar depoimento nesta sexta-feira (24). A defesa de Túlio Alencar foi procurada pela reportagem mas não foi localizada.

As pessoas presas podem responder pelos crimes de associação criminosa, estelionato e falsidade ideológica.

Alunos não frequentavam aulas

De acordo com as investigações, pelo menos dez destas escolas paranaenses cooptavam alunos, prometendo certificados mesmo sem autorização para emiti-los. Duas delas foram alvo da primeira fase da operação e as outras oito na segunda. O valor cobrado de cada estudante, de acordo com o Nucre, chegava a R$ 1,7 mil. Para fazer a entrega dos certificados, os cursos a distância buscavam cinco instituições que tinham autorização para a emissão - um deles, o Ibed, localizado em Curitiba. Os alunos não tinham contato com as instituições autorizadas e apenas recebiam a documentação, o que configura a ilegalidade.

Na primeira fase da Operação, em dezembro de 2015, a polícia investigava também 350 alunos para saber se eles tinham ciência da fraude. De acordo com a Polícia, muitos afirmaram não ter frequentado as aulas nas escolas que emitiram os diplomas. Com a ampliação das investigações, o número de alunos envolvidos deve ser ainda maior.

Outro lado

A reportagem tentou contato com as dez escolas citadas pela Polícia Civil. Os Cursos Síntese, Interathyvo, Paraná Curso, DEMED, CEAD Unifass e Sydheral não atenderam nos telefones informados. Os cursos Microlins e CDF Vestibulares não retornaram as ligações até às 17h30. A Escola Zeus afirmou por meio de uma funcionária que somente o proprietário poderia falar sobre o assunto e que ele não estará disponível até a próxima segunda-feira (27).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]