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A Polícia Civil do Rio já sabe que dois policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), do Complexo do Alemão, zona norte do Rio, deram quatro tiros de fuzil próximo à casa de Eduardo de Jesus Ferreira, 10, na quinta (2).

O menino morreu após ser atingido na cabeça por um tiro de fuzil. O laudo de peritos da Divisão de Homicídios comprovou que o disparo desse tipo de arma matou o garoto. Agora, a reconstituição simulada, que tentará esclarecer as circunstâncias da morte do menino, tentará dizer de onde partiu o disparo.

O resultado da análise não aponta que os PMs sejam os responsáveis pela morte do garoto. Os dois policiais estavam com fuzis de calibre 7.62, o mesmo utilizado pelos traficantes do local.

Após o relato aos colegas e uma apuração interna da Polícia Militar, a dupla de PMs entrou em licença médica. Por não terem feito essa revelação na delegacia, eles serão chamados a prestar novos depoimentos.

Os policiais militares mantêm a versão de um confronto com traficantes. A mãe do menino, Terezinha Maria de Jesus, 41, afirma que ouviu apenas um disparo.

De acordo com o relato dos PMs que estavam na patrulha, 12 policiais seguiam pelas vielas em direção à localidade de Areal. Oito eram do Batalhão de Choque. Eles eram guiados pelo local por quatro policiais da UPP.

Os dois primeiros da fila, chamados no jargão militar de “ponta 1” e “ponta 2”, dizem ter avistado um grupo de traficantes que teria começado a atirar.

Um policial realizou três disparos. O outro, um. Nesse momento, Eduardo se levantou do sofá de casa, onde assistia novela com a mãe, e foi até o portão ao ouvir a irmã chegar. De cinco a dez segundos depois, ele foi atingido pelo disparo.

Apenas os dois fuzis, de calibre 7.62, que estavam com os PMs da UPP foram apreendidos pela polícia para que fosse feita a perícia.

Apesar da preservação do local pelos PMs, a cápsula que atingiu o menino não foi encontrada. Na ocasião, policiais da UPP discutiram com a equipe do Choque. Alguns queriam socorrer o menino, enquanto outros gritaram que ele já estava morto.

O delegado Rivaldo Barbosa espera com a reconstituição esclarecer se houve troca de tiros entre policiais e traficantes, além de saber de que lado partiu o tiro que atingiu o menino.

A posição de queda do corpo do menino também será importante para tentar definir de onde veio o disparo.

A reconstituição está sendo preparada para acontecer na quarta (15). A polícia tentará reunir a equipe que estava no local, além de parentes do menino e vizinhos. A mãe do garoto está na casa da família, no Piauí.

Críticas

Nesta quarta (8), durante a inauguração de escolas no Complexo da Maré, o prefeito Eduardo Paes criticou o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.

De acordo com o prefeito, a violência no Alemão é “questão de segurança pública”.

“Não parou nenhum serviço da prefeitura no Alemão. Não é por ausência de escolas, clínicas da família, que o Alemão está desse jeito. Nem por falta de pavimento. É o paraíso? É o Leblon? Não. Mas os serviços estão sendo prestados. Essa questão da violência, a maior parte é questão de segurança pública”, afirmou.

Beltrame, que havia criticado a ausência da prefeitura no projeto UPP, não falou sobre as declarações do prefeito do Rio.

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