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São Paulo - Um fim de semana com horas generosas de sono não recupera duas semanas de noites maldormidas. Essa é uma das conclusões de um estudo divulgado nesta quarta-feira pela revista Science Transla­tional Medicine, que avalia os efeitos da privação do sono. Seriam necessárias várias noites de repouso completo para compensar o impacto na atenção e nos reflexos.

As pessoas se sentem dispostas e atentas nas primeiras horas do dia, o que produz a falsa sensação de que o déficit de sono foi compensado. Mas, com o tempo, o cansaço crônico se impõe. De uma hora para outra, o desempenho piora. O estudo mediu o impacto: à noite, a resposta a um estímulo fica até dez vezes mais lenta.

O estudo menciona profissões, como a de motorista, vigia ou residente médico, cujas atividades requerem atenção contínua, mas há o costume de dormir pouco. "As pessoas que trabalham à noite precisam entender que menos de seis horas diárias de sono, por mais de duas semanas, causam um impacto muito maior no seu desempenho do que uma noite passada em claro", afirma Daniel Cohen, principal autor do estudo.

Experimento

A luz solar define o ritmo de muitos processos biológicos, impondo um ciclo conhecido como ritmo circadiano, que dura 24 horas. O ciclo faz com que, depois de 16 horas acordada, uma pessoa passe a sentir necessidade de dormir. Para que os processos biológicos (temperatura corporal, níveis de hormônios etc) funcionem bem, é importante que o ritmo diário de sono e vigília siga o circadiano.

Mas, no experimento, os pesquisadores descolaram esses dois ciclos. Queriam saber o impacto na privação de sono. Nove voluntários (quatro mulheres e cinco ho­­mens) substituíram o ciclo natural de sono e vigília (8 horas dormindo e 16 horas despertos) por um ciclo estendido: 10 horas de sono seguidas por 33 horas de vigília.

A cada quatro horas, eles eram submetidos a um jogo para testar seu desempenho: ao ver um sinal na tela do computador, deveriam apertar um botão. Ao analisar o desempenho nas horas próximas aos períodos de sono, observou-se uma sensível piora a partir da segunda semana: reflexos de 667 milisegundos na primeira semana demoravam mais de dois segundos na última.

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