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Família de bebê morto na UPA do Boa Vista organiza protesto

A família do menino Davi Luccas Alves, que morreu após seis horas de espera por uma vaga em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Curitiba na última sexta-feira (16), organiza um protesto em Curitiba para o próximo sábado (24). Com isso, eles pretendem reivindicar melhorias na saúde pública, bem como mais leitos em hospitais e a liberação do medicamento palivizumabe, indicado para crianças prematuras com os problemas apresentados por Davi. Leia matéria completa.

O Paraná começou a disponibilizar nesta semana doses do medicamento profilático palivizumabe, indicado para prevenir infecções respiratórias em crianças menores de dois anos e bebês prematuros que apresentam problemas pulmonares crônicos e cardiopatias. Na primeira temporada de inverno em que o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Ministério da Saúde (MS), passa a oferecer o tratamento em todo o país, 500 frascos foram enviados ao estado, que deve manter a distribuição até o mês de agosto.

O palivizumabe é um medicamento que impede a ocorrência de infecções causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que acomete, principalmente, crianças no primeiro ano de vida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as infecções causadas pelo VSR são responsáveis por 160 mil mortes anuais em todo o mundo.

Como as infecções pelo VSR ocorrem, em sua grande maioria, entre o outono e o inverno, a disponibilidade do palivizumabe deve permanecer concentrada no Paraná entre os meses de maio e agosto, que é o período estabelecido para a distribuição feita pelo Ministério da Saúde. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que fora este período, os pais podem procurar uma das regionais de saúde do estado e formalizar o pedido do medicamento, mas cientes de que pode não haver disponibilidade.

Presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP), o médico Gilberto Pascolat explica que restringir a disponibilidade do medicamento ao período do outono e do inverno não é um problema, já que fora esta época os casos de contaminação pelo VSR são raras. "[Em outras estações] existe a chance da contaminação, mas são pequenas. É diferente de agora que estamos vivendo uma epidemia. Se formos aos hospitais vamos ver que todos estão cheios do vírus", esclarece Pascolat.

O médico ressalta que o palivizumabe é um medicamento preventivo. Em casos de indicação, se não for usado, pode acarretar problemas sérios às crianças. "Essa doença ataca o pulmão. O pulmão de um bebê é muito pequeno, incha as vias e não passa o ar. Numa criança maior, ela vai ter dificuldade respiratória, mas não é tão grave. Agora numa criança com problemas cardíacos pode forçar muito o coração dela e fazer com que ela corra risco de morte", explica.

A Sesa garantiu ainda que a partir do início do protocolo realizado pela família, o resultado do processo que vai definir se a dose será ou não liberada – de acordo com os documentos exigidos – deve sair em, no máximo, três dias.

Aplicações no estado

De acordo com a Sesa, a aplicação das doses profiláticas começou nesta quarta-feira (21), em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Ao todo, foram 12 bebês, que receberão uma nova dose no próximo dia 18 de junho. Para esta sexta-feira (23) está prevista a aplicação do medicamento em Curitiba. A expectativa da Sesa é de que até o final do mês 85 crianças na capital e na RMC recebam o tratamento preventivo.

Além disso, foram montados outros seis polos de aplicação em Ponta Grossa, Francisco Beltrão, Cascavel, Maringá, Londrina e Foz do Iguaçu. Cada uma das equipes destes polos ficará responsável pelo uso otimizado medicamento, já que um frasco pode render até três aplicações. Por isso, conforme a secretaria, o procedimento de aplicação deve envolver um grupo de crianças.

Falta do medicamento pode ser uma das causas de morte em Curitiba

A falta do palivizumabe é apontada como uma das causas da morte de um bebê de seis meses em Curitiba na última sexta-feira (16). Ele veio a óbito depois de esperar seis horas por um leito em UTI, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Boa Vista.

Segundo a família da criança, no dia 9 de maio, os pais chegaram a fazer o pedido do medicamento na Secretaria de Estado de Saúde do Paraná. Porém, o remédio não foi liberado. Os pais acreditam que se a dose tivesse sido disponibilizada, o quadro de saúde do garoto não teria se agravado a ponto de ele precisar seguir para a UTI.

Na ocasião, a secretaria informou que os pais e o paciente foram recebidos na 2.ª Regional de Saúde, e o médico auditor avaliou que as informações repassadas em um documento ao órgão "não eram sobre o quadro clínico e indicação do palivizumabe".

A ocorrência virou caso de polícia e está sob investigação da Delegacia de Crimes contra a Saúde da capital (Decrisa), que já ouviu os pais da criança. "O fato concreto é que houve a morte. Agora temos que ver qual é a causa. O pai e mãe foram ouvidos, e já requisitamos os prontuários médicos para identificar as pessoas envolvidas no atendimento", relatou a delegada Araci Costa Vargas.

Além do Decrisa, o Ministério Público (MP) do Paraná também entrou na investigação da morte do bebê. Os pais da criança dizem que o Hospital Vita, um dos locais procurados para atendimento da criança que precisava de leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), teria pedido um cheque-caução no valor de R$ 65 mil. Para o MP, o fato configura crime, pois é ilegal a exigência desse tipo de garantia para atendimento emergencial.

A Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba abriu uma sindicância para apurar a ocorrência e disse, nesta quinta-feira, que não tinha informações sobre os trabalhos da sindicância para repassar à imprensa.

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