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Nove, dos dez presos até a manhã desta quinta (18), estavam na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, no bairro Vila Izabel | Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Nove, dos dez presos até a manhã desta quinta (18), estavam na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, no bairro Vila Izabel| Foto: Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Dois dos policiais afastados pela suposta tortura são do Cope

Diego Ribeiro e Antonio Senkovski

Dois policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), unidade de elite da Polícia Civil do Paraná, foram afastados em razão da suposta de tortura contra suspeitos de terem matado a adolescente Tayná Adriane da Silva, 14 anos. Os nomes dos policiais não foram revelados. Além deles, outros quatro da Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, também foram afastados de suas funções.

Segundo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público Estadual (Gaeco), um dos suspeitos afirma ter sido vítima de agressões no retorno de uma diligência em Guaratuba. O rapaz, conhecido como Sérgio, foi levado para o litoral em uma averiguação sobre outro caso.

O delegado titular do Cope, Amarildo Antunes foi acusado pelos então suspeitos durante os depoimentos de levá-los até um córrego atrás da unidade, na Vila Hauer, em Curitiba, logo após terem sido transferidos para lá. O Gaeco informou que os suspeitos afirmam que o delegado disse que se não falassem iriam nadar ali (no córrego) pela manhã. Durante a semana, o delegado foi ouvido pela reportagem. Ele negou qualquer tortura ou ameaça.

A assessoria de imprensa da Polícia Civil ainda não informou como será feita a recomposição das equipes nestas unidades.

Doze das 14 pessoas que tiveram mandado de prisão determinado pela Justiça, por terem supostamente torturado quatro homens apontados inicialmente como suspeitos de terem matado Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, já estão presos no final da tarde desta quinta-feira (18). A Polícia Civil confirmou que nove policiais civis se entregaram, faltando apenas o delegado Silvan Rodney Pereira. Estão presos também um policial militar e um guarda municipal. Um preso de confiança, que também já teve o mandado cumprido, foi transferido de carceragem, mas o local está sob sigiloOs mandados de prisão dos nove policiais e do delegado ficaram a cargo da Corregedoria da Polícia Civil. De acordo com a assessoria de imprensa da entidade, os nove que estão presos se entregaram na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). O órgão informou que a partir da emissão do mandado, o preso tem 24 horas para se apresentar. Caso o delegado não se apresente até o fim da tarde, quando vence esse prazo, a Corregedoria passará a fazer diligências para localizá-lo.

O Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ficou responsável por cumprir quatro mandados, incluindo a do preso transferido. Até o momento, um policial militar e um guarda municipal foram detidos, segundo a assessoria do Ministério Público. O policial militar foi encaminhado para o Quartel da PM e o Guarda Municipal para a DFRV. Falta ser cumprida ainda a prisão do agente carcerário, mas o Gaeco informou, nesta quinta-feira, que o advogado do acusado já se pronunciou e garantiu que o cliente se apresentará o mais rápido possível.

Segundo o promotor do Gaeco, Denilson de Almeida, o órgão deve ouvir os presos apenas na semana que vem. Ele relatou o inquérito do caso de tortura precisa ser concluído em no máximo dez dias após a prisão. "Agora vamos tentar levantar testemunhas, fazer novas diligências para incluir no inquérito", diz.

Outro lado

André Luiz de Sousa, um dos advogados de defesa que defende parte dos policiais presos, chegou na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) por volta das 10h30. Ele disse que os detidos são inocentes e que eles vão provar essa condição. O defensor relatou ainda que os ferimentos nos quatro suspeitos foram feitos por outros presos, e não por policiais.

Supostos torturados estão sob proteção

Os quatro jovens acusados inicialmente pela morte de Tayná da Silva, que teriam sofrido tortura no período em que estiveram detidos, foram incluídos na última quarta-feira (17) no Programa Federal de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita). De acordo com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Seju) do Paraná, todos já foram encaminhados para fora do estado, em local sigiloso, e ficarão sob proteção por tempo indeterminado.

Mandados de prisão

A Justiça da Comarca de Colombo decretou, na tarde desta quarta-feira (17), a prisão de 14 pessoas e o afastamento de seis policiais civis, suspeitos de participação na tortura dos quatro rapazes acusados de envolvimento na morte da adolescente, ocorrida no mês passado. Os afastados são quatro da Delegacia do Alto Maracanã e dois do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

Entenda o caso

A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina foi encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.

No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Este laudo gerou uma mudança no comando da investigação policial do crime, que já contava, desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

No dia 12, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, no dia 14, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos pelo crime. Nesse meio tempo, no dia 13, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

No dia 15, pela manhã, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. Também no dia 15, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.

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