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No Instituto de Educação houve corte de cinco turmas do 1.º ano. | Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo
No Instituto de Educação houve corte de cinco turmas do 1.º ano.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

Após duas greves de professores em 2015, cerca de 60% das escolas esticaram o ano letivo até fevereiro deste ano para repor as aulas perdidas. Novos diretores, muitos deles jovens lideranças, assumiram a gestão escolar no mês de fevereiro, com o desafio de colocar a casa em ordem, após um ano atípico. O governo do estado, que concedeu reajuste salarial aos servidores e engavetou o projeto de fechar escolas, enfrenta o desafio de reconstruir o diálogo com a comunidade escolar.

O ano de 2015 foi conturbado na educação paranaense. Foram duas greves, com 75 dias de paralisação. A primeira começou em 9 de fevereiro, data marcada para o início das aulas, e durou até o governo retirar da pauta da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep) o “pacotaço” que previa medidas de corte de custo, como mudanças na previdência e o congelamento do quinquênio dos servidores. Em abril, nova greve, após o governo reenviar as medidas à Alep. Culminou com o confronto entre manifestantes e a Polícia Militar , no dia 29 de abril, durante a votação da lei que permitiu a utilização de verbas do fundo da Paranaprevidência, a aposentadoria dos servidores.

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Em outubro, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) chegou a anunciar o fechamento de 71 escolas, como parte de um processo de reorganização das turmas. A secretária Ana Seres Trento Comin acredita que a polêmica foi infundada, já que estudos de “otimização” de turmas e escolas são feitos todos os anos, desde 2006, nos mesmos moldes, levando em conta regiões em que há crescimento ou decréscimo populacional. “A única variável a mais que foi acrescentada [no ano passado] foi a questão dos prédios alugados. E isso foi retirado”.

A atuação dos novos diretores pode ser um ponto-chave para conquistar melhorias nas condições de ensino, na opinião do especialista em gestão educacional Renato Casagrande. “É uma nova geração de profissionais que pode se insubordinar contra a Secretaria da Educação, se resignar ou encontrar novos caminhos”, avalia, sobretudo em relação ao estabelecimento de pontes entre as demandas da comunidade escolar e as políticas públicas apresentadas pelo estado.

Esta foi a primeira eleição de dirigentes com vigência do voto universal, que dá aos pais e alunos o mesmo poder de voto dos funcionários da escola. Antes mesmo de tomarem posse, no último dia 22, parte dos novos gestores já teve de lidar com a falta de professores substitutos para as aulas de reposição de 2015, que começaram em 1.º de fevereiro.

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No Colégio Estadual Hildebrando de Araújo, em Curitiba, houve turma que ficou sem as cinco aulas do dia, por falta de professor. A escola recebeu alguns contratados pelo Processo Seletivo Simplificado (PSS) no meio da reposição, depois do carnaval. São professores que não tinham trabalhado na instituição no último ano letivo, e que em março vão ser enviados para outras escolas. “Vamos iniciar o ano no meio do caos”, prevê a diretora Aline Nepomuceno.

Já no Instituto de Educação do Paraná, “pela primeira vez em muitos anos”, segundo o diretor Lourival de Araújo Filho, o ano começará com o quadro completo de professores. Ele acredita que o atraso no calendário deu mais tempo à Seed para distribuir as aulas nas escolas, por isso a boa nova.

Outro foco

A promotora de Justiça Hirmínia Dorigan de Matos Diniz, responsável pela área de educação na Promotoria de Curitiba, diz acreditar que neste ano “não vai sobrar muito tempo para greve”. Na avaliação de Hirmínia, os esforços devem ser dirigidos para questões como a discussão da Base Nacional Comum Curricular, a aprovação de leis de gestão democrática nos estados e municípios e os cortes no orçamento do Ministério da Educação.

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