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Após rebelião e fuga, presos da delegacia de Colombo foram transferidos ontem | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Após rebelião e fuga, presos da delegacia de Colombo foram transferidos ontem| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Futuro

Agente morto em rebelião sonhava ser delegado

O agente de cadeia pública Eliel Schimerski Santos, morto na manhã de domingo durante a fuga de presos da delegacia de Colombo, sonhava se tornar delegado. Ele estava cursando disciplinas do nono e décimo períodos do curso de Direito da Facear e poderia se formar ainda neste ano, segundo a instituição.

"Tudo o que o Eliel fazia era com paixão. Ele sonhava em ser delegado e, por isso, entrou nessa vaga de agente. Queria estar no meio", conta Dailton Schimerski Santos, um dos 11 irmãos de Eliel.

Segundo Dailton, o irmão comentava sobre os riscos que a profissão envolve, mas nunca demonstrou medo. "Em duas ocasiões, ele encontrou ocasionalmente ex-presidiários na rua. Mas ele tratava todos com respeito e um deles chegou a agradecê-lo por isso", diz. Eliel tinha 37 anos e morava com a mãe, dona Francisca, de 80 anos. Ele era solteiro e não deixou filhos. Tornou-se agente de cadeia pública por causa da prima, Adriana Maus, que ocupou a função por 30 dias. "Desisti porque achei perigoso", conta ela.

Após a morte do agente de cadeia pública Eliel Schimerski Santos, o governo do Paraná voltou a prometer a retirada de presos das carceragens dos distritos policiais de Curitiba e região metropolitana. Ontem, uma reunião entre as secretarias de Justiça e de Segurança Pública definiu que 1,2 mil internos serão transferidos para o sistema prisional em até 60 dias. Além disso, as carceragens dos nove DPs e 11 unidades especializadas da capital deverão ser desativadas em até 15 dias – parte dessa promessa já havia sido realizada em fevereiro.

Mesmo após o anúncio, o Sinclapol informou que os distritos de todo o estado deverão funcionar precariamente nesta terça. "A paralisação é um protesto pelo que aconteceu [a morte do agente]. Além disso, não é a primeira vez que o governo promete isso [desativar as carceragens]", afirmou André Gutierrez, presidente do sindicato. Os DPs ficarão fechados para atendimento à população e somente casos mais graves serão atendidos. Além disso, uma assembleia será realizada hoje à tarde. A categoria não descarta uma paralisação.

A delegacia onde Schi­­merski trabalhava não estava na lista das que seriam desativadas em fevereiro, mas a promessa era de que as celas das unidades da RMC seriam esvaziadas assim que as transferências das unidades de Curitiba fossem concluídas. Ontem, segundo a Secretaria de Justiça, ainda havia 538 presos na capital.

Atualmente, o Paraná tem mais de dez mil presos em delegacias – 4 mil a mais do que as celas comportam. A Seju argumenta que já recebeu mais de 33 mil presos vindos das unidades policiais nos últimos quatro anos, sendo 3.118 só nesse primeiro quadrimestre de 2014. Uma portaria conjunta das duas pastas estaduais, inclusive, definiu a transferência semanal de cem presos das delegacias da Grande Curitiba e Litoral, meta que segundo a Seju vem sendo superada.

O volume das transferên­­cias, porém, é questionado por policiais civis. A promessa de reformar e transformar o 11.º DP em unidade de trânsito, por exemplo, passou longe de ser cumprida. Ontem, parte dos 160 presos tentou fugir do local, cuja capacidade é para 40. Policiais do plantão contaram que eles já haviam serrado as grades e estavam esperando a entrega da comida para render os policiais.

A ação seria semelhante à de Colombo, mas lá o motim acabou em tragédia anteontem. O investigador Diego Almeida e o agente Benedito dos Santos ficaram feridos e Schimerski morreu baleado. Segundo a Seju, outro agente foi preso suspeito de facilitar a entrada da arma no local.

Contra

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná é contra a transferência em massa de presos em ofícios encaminhados ao Departamento de Execuções Penais, OAB, Assembleia e Pastoral Carcerária. "Somos contra a transferência em toque de caixa sem estrutura para receber os presos, que terão de dormir no chão. Além disso, não há efetivo para atendê-los. A medida só poderia ser tomada com a criação de mais vagas e contratação de agentes", diz Antony Jhonson, presidente da entidade.

Colaboraram Angieli Maros e Antônio Senkovski

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