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Especialistas são unânimes em afirmar que o grande causador das enchentes é o homem. Eles dizem que as fortes chuvas de verão sempre irão acontecer, mas a população pode e deve criar mecanismos para evitar as consequências. O principal vilão é a impermeabilização do solo, que veio com a construção e ocupação das grandes cidades. "Ocupamos áreas que são naturalmente alagáveis, obviamente quando chover elas vão alagar", afirma Renato Lima, geólogo e diretor do Centro de Apoio Científico em Desastres da UFPR (Cenacid). Ele acredita que cada vez mais haverá inundações, alagamentos e prejuízos mais catastróficos.

O geólogo lembra que em outros países há leis específicas para uso do solo prevendo a possibilidade de enchentes, sendo que a ocupação irregular é considerada um crime ambiental grave. "O ideal seria ter um uso sustentável do solo, impermeabilizando menos, fazer caixas de coleta de água de tempestade e depois reutilizá-la para jardim, descarga, etc."

A professora Inês Moresco, do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), diz que, atrás de situações como as enchentes, há toda uma questão política e econômica. As consequências para o homem são causadas por ele mesmo, em função de seu impacto no meio ambiente. Outra falta de preparo é a inexistência de previsões sobre o clima a serem divulgadas para a população. É possível saber se a incidência de chuvas será maior ou menor a cada ano. "Com as previsões e ações a longo prazo, como a retirada da população de áreas de risco, o impacto das enchentes seria diminuído. Estaríamos mais preparados".

Mudança climática

Para Augusto José Pereira Filho, do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), ainda não é possível associar essas catástrofes ao aquecimento global. Ele afirma que o aumento da temperatura ainda não foi tão grande para impactar diretamente na questão das enchentes.

Augusto diz que nem mesmo os impactos dos fenômenos El Niño e La Niña são previsíveis. "Em um ano pode ter mais chuva, menos chuva, ou uma situação normal", explica. "O que o homem pode fazer é ter sabedoria para conviver em harmonia com esse sistema existente. Desmatamento sem reflorestamento é um problema e falta de planejamento urbano é um problema. Devemos ter consciência que não temos tanto poder assim".

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