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Saúde sem dados

Os levantamentos sobre uso de drogas no país ainda são muito limitados, o que dificulta o trabalho de prevenção e tratamento, diz o presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, Marco Antonio Bessa. Os dados de referência são da Universidade Federal de São Paulo. "E­­­­­­­­les fizeram o primeiro levantamento sobre o consumo de álcool no país, os dados mais confiáveis que temos." O National Institute on Drug Abuse (Nida), dos Estados Unidos, por exem­­­­plo, recebeu US$ 1 bilhão do governo para investir em pesquisas em 2010.

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Retrato defasado do efeito estufa

O retrato feito pelo governo federal de emissão de gases de efeito estufa é realizado com intervalos que não projetam a realidade atual, diz o coordenador do programa de mudanças climáticas da WWF Brasil, Carlos Rittl. "É o retrato de anos atrás sobre a pegada de carbono." A frequência de publicação dos levantamentos tem sido com um intervalo de até seis anos, o que complica o compromisso assumido em diminuir a emissão de gases até 2020.

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Educação sem cruzamento

Educação é uma das áreas mais ricas em estatísticas, mas falta cruzá-las. "A estatística é uma fotografia da realidade e traz informações importantes. O Brasil levanta muitos dados lineares, mas faz pouca análise cruzando dados, o que faz com que os números não representem uma realidade mais ampla", diz a professora do Departamento de Educação da UFPR e membro do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Araci Asinelli-Luz.

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Furos no trânsito

"A quantidade de vítimas que morrem em acidentes de trânsito é totalmente furada", diz o coordenador de fiscalização da Agência de Transporte de São Paulo e mestre em Gestão Urbana pela PUCPR, Paulo Fernando da Silva Moraes. Explica-se: se a pessoa morre no local, entra para a estatística, se morre no hospital, a causa é a complicação médica, não o acidente.

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Crime no escuro

Nas estatísticas da segurança pública, não se sabe quantos homicídios são resolvidos, segundo o diretor de Pesquisa do Instituto Sangari, Júlio Jacobo. "Não se sabe quan­­­tos foram atestados ao Mi­­­­nis­­­tério Público, quantos foram julgados e quantos foram condenados. A im­­­­pu­­­­nidade persiste, já que o primeiro passo da cura é o conhecimento do proble­­­ma. Se não se conhece, nunca haverá cura."

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Que importância têm para o país os dados de quantas crianças em idade escolar que sofrem com alguma doença crônica, ou, ainda, ter um acompanhamento preciso de quantos homicídios são solucionados? A resposta parece óbvia para quem atua nesses setores, mas esses são apenas dois exemplos de estatísticas inexistentes no Brasil. Para especialistas, essas lacunas dificultam a formação de políticas públicas eficientes e não permitem que as ações existentes sejam avaliadas de forma precisa. Outro problema apontado é a imprecisão que pode haver nos levantamentos numéricos.

"Toda estatística tem falha. Sempre tem gente bem ou mal- intencionada que pode falsificar dados, seja para conseguir mais dinheiro para seu órgão burocrático ou para diminuir o problema", diz o doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago Alexandre Barros, especialista do Instituto Millenium. "Quantos presos existem no país? Ninguém sabe com certeza, pois os sistemas penitenciários estaduais não passam os números corretamente, para maquiar o problema ou para pedir mais verba. Tem estado que simplesmente não responde ao censo penitenciário."

Para o especialista, estatísticas como a de uso de crack no país "beiram a fantasia". O último levantamento concluído pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) mostra que, entre os mais de 50 mil estudantes de escolas públicas e privadas de todos os estados, 0,4% usou crack – em 2004, o porcentual tinha sido de 0,7%. "É um dado irreal. Quantos fumam crack? Ninguém sabe. É igual ao tamanho da corrupção no nosso país. Os dados se perdem no caminho. Afinal, ninguém quer admitir que usa drogas", acredita Barros.

A professora de Sociologia e Gestão Urbana da Pontifícia Uni­­­versidade Católica do Para­­­ná (PUCPR), Samira Kauchakje, ressalta que a produção de indicadores é fundamental para processos decisórios que culminam na elaboração de políticas públicas. "Desde o pensamento de um novo projeto, passando pela sua elaboração, acompanhamento e avaliação de resultados, tudo depende de dados quantitativos e qualitativos. Os indicadores são medidores e parâmetros que permitem a elaboração de uma política mais efetiva", observa.

Apesar de citar exemplos de estatísticas que são bem feitas no país, como na área de assistência social, Samira crê que há necessidade de aperfeiçoar os estudos. "Deve haver continuidade e articulação dos números, permitindo que as pessoas consigam ver o reflexo desses estudos na sua vida". Barros frisa, entretanto, que o custo e a demanda de mão de obra para realizar grandes levantamentos são elementos que não interessam ao governo. "Coletar dados é caríssimo. Não são pesquisas com 2 mil pessoas que dimensionam um problema."

Critérios

Segundo o professor de Admi­­­nistração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Steiner, o problema maior não é a falta de dados e sim de análises isentas e continuidade. "O ideal é que não houvesse interesses institucionais que influenciassem os levantamentos. Os governos também precisam dar continuidade nos dados, para que séries históricas não sejam desperdiçadas." Steiner salienta que é necessário fazer comparações coerentes e ter critérios bem definidos de metodologia. "É claro que as formas de realização dos levantamentos podem mudar, mas o ideal é que as pesquisas governamentais seguissem métodos mais uniformes. Isso garante uma credibilidade maior", avalia.

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