
Quinze pessoas, sendo quatro adultos, dois adolescentes e nove crianças, continuam abrigadas em uma escola municipal de Almirante Tamandaré, na região metropolitana. Todas fazem parte de uma família e moravam em duas casas, em um único terreno, que foram destruídas com os desmoronamentos de terra que aconteceram na terça-feira (28), após as fortes chuvas que atingiram todo o estado.
Etelvina Costa Rosa, mãe das nove crianças, reclama da falta de alimentos no local. "Não sabemos quando vamos voltar para casa. A minha está torta e a do meu irmão não tem como entrar. Aqui estamos sem mamadeira e sem chupeta para as crianças", reclamou Etelvina que enumerou a idade dos filhos abrigados na escola: 14 anos, 12, 8, 7, 6, 5, um casal de gêmeos de 3 anos e uma menina de apenas de 4 meses.
"Ainda não sabemos até quando vamos ficar aqui. Só nos trouxeram para cá e nos deixaram aqui. Foi tudo tão rápido", explicou Andressa dos Santos, 20, sobrinha de Etelvina. Durante a tarde dessa quarta-feira (29), Andressa afirmou que uma pessoa levou uma sacola de roupas para eles na escola. "Não sei se era alguém da prefeitura ou dos bombeiros." A família está abrigada na Escola Rural São Miguel.
O secretário de Ação Social de Almirante Tamandaré, Adilson José Pavoni, afirmou que desde a tarde de terça-feira a prefeitura enviou auxílio para os desabrigados. "Ontem (28), quando os bombeiros definiram que haveria algumas famílias para abrigar, primeiro nós procuramos o local. Antes de a família chegar à escola já tínhamos levado alimentos. Hoje (29) levamos leite para as crianças e roupas", disse Pavoni.
Ao ser informado que a família reclamou de que não teria recebido nada na terça, o secretário disse que pode ter havido algum problema de comunicação com o guardião da escola. "Não sei o que aconteceu. Estamos fazendo o possível para dar o conforto para eles. Ainda hoje deve ser instalado um chuveiro na escola", garantiu. Colchões e cobertores também serão enviados pela prefeitura nesta quarta.
A família deve passar mais uma noite na escola. "O município se propôs a levá-los com carros da prefeitura para casa dos parentes deles, em Pinhais e Rio Branco do Sul. Ainda estamos estudando o que será feito", definiu o secretário de Ação Social.
Mais desabrigados
Segundo o sargento Alvacir Ferreira, da Defesa Civil de Almirante Tamandaré, outras 11 pessoas de uma mesma família podem ser retiradas de casa ainda nesta quarta-feira. "Estamos com um negociador lá na área e as pessoas mostraram interesse em sair do local. Até o fim do dia devem ser levados para uma escola, pois a previsão é de chuva para noite. O barranco já encostou na casa deles", explicou. Com os deslizamentos de terra na terça, duas casas ficaram destruídas, quatro interditadas e outras quatro tiveram a orientação para serem interditadas. "Mas o pessoal não quer sair de casa", disse o sargento.
A parede lateral de uma igreja evangélica também cedeu após o desmoronamento de um barranco. "Essas ocorrências foram nos bairros Lamenha Grande e Bonfim. É uma região montanhosa e de fundo de vale", definiu.
Paraná
De acordo com números da Coordenadoria da Defesa Civil Estadual, as chuvas de terça-feira deixaram aproximadamente 1.600 pessoas desalojadas e desabrigadas no Paraná. A cidade com o maior número de afetados é Ortigueira, na região Central do estado, onde pelo menos 300 residências foram destelhadas. Misael Márcio Ferreira Borges, assessor técnico da Defesa Civil, afirmou que a tendência desse número é diminuir a partir de agora, com a parada da chuva.





