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“É desagradável ter que sair da mesa do bar a toda hora para fumar. Por isso sento perto da porta.”
Dorival Hadas, empresário | Fotos: Pedro Serápio/Gazeta do Povo
“É desagradável ter que sair da mesa do bar a toda hora para fumar. Por isso sento perto da porta.” Dorival Hadas, empresário| Foto: Fotos: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Tradição

Narguilé também está proibido

Comerciantes de estabelecimentos árabes começam a contabilizar o prejuízo gerado pela lei municipal antifumo não apenas pela proibição do cigarro.

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Há dez dias em vigor, a lei municipal antifumo alterou o funcionamento de bares e casas noturnas de Curitiba. Garçons atentos ao menor sinal de fumaça, faxineiras de prontidão para recolher bitucas do chão, seguranças de olho para evitar calotes dos que saem para fumar. Essa é a nova rotina dos estabelecimentos, que também reclamam da queda do movimento que a proibição tem causado. A partir deste domingo, bares de todas as cidades Paraná também terão de se adaptar à regra antifumo, estipulada por uma lei estadual que passa a vigorar nesta semana.No Alice Bar, no bairro Água Verde, o gerente Iran José Silva calcula queda de aproximadamente 40% no movimento desde que a lei entrou em vigor. Isso fora a queda no consumo. "O cara que antes bebia cinco cervejas agora bebe duas porque não pode fumar", afirma. Também por causa da lei, a casa se viu obrigada a contratar mais um segurança, que fica do lado de fora, só para monitorar os clientes que saem para fumar. "O risco de alguém sair sem pagar a conta é grande", explica Silva. O segurança também está orientado a pedir aos clientes que não falem muito alto quando saem para fumar. "O medo é de conseguir cumprir a lei antifumo, mas que os clientes lá fora desrespeitem a lei do silêncio, que incomodem os vizinhos."Na Sanduícheria República, também no Água Verde, não haverá mais venda de cigarros assim que o contrato com a empresa fornecedora acabar no mês que vem. O argumento, explica o sócio-gerente do bar, Henrique Batista, é diminuir o risco de ser multado. "Se eu continuar vendendo, vou instigar o cliente a fumar. E aí vou exatamente contra o que preconiza a lei", diz.Além de não vender mais cigarro, Batista e os funcionários do bar estão constantemente alertando os clientes sobre a proibição. "Como temos marquise em frente, tenho que pedir para os clientes fumarem a dois metros de distância, como diz a lei", afirma o co­­mer­­ciante.

O empresário Dorival Hadas, 60 anos, era um dos clientes da Sanduícheria República que fumavam em frente ao imóvel vizinho, onde não há marquise, na noite da última quarta-feira. "É desagradável ter que sair da mesa a toda hora para fumar", relata o empresário, que por conta disso tem preferido as mesas da frente do estabelecimento, mais próximas da saída. "Assim fica mais fácil para sair." A estudante Tiffany Ferreira Gomes, 21 anos, também reclama. "Agora está calor, dá para ir lá fora. Mas e no inverno? E em dia de chuva? Vou ter que ficar em casa, porque não consigo beber sem fumar."

Pulseira

A casa noturna Wonka Bar, no Centro, mudou o sistema de cobrança dos clientes fumantes. Ao invés da comanda que seria paga após o consumo – que se­­gue da mesma forma para os clientes que não fumam –, os fumantes agora são obrigados a usar uma pulseira que os identifique, além de pagar a entrada e tudo o que consumirem antecipadamente. O novo sistema tem um custo a mais de R$ 2 aos fumantes, referente ao custo da pulseira, que confere aos fumantes livre acesso ao bar. "Regre­­dimos um pouco, já que para os fumantes, ao invés do sistema informatizado, agora usamos o sistema de ficha, que nem quermesse. Mas foi a melhor maneira que encontramos para deixar o cliente sair para fumar e também para não levarmos calote", argumenta Adriana Neves, gerente da casa.

O novo sistema do Wonka tem agradado aos clientes. Para a produtora de eventos Gabriela de Almeida, 24 anos, a vantagem é de não precisar esperar a liberação do segurança para sair e fumar. "Não me importo em pagar R$ 2 a mais, já que posso sair para fumar a hora que quiser", afirma. "Além disso, não pego mais fila na hora de ir embora. Já está tudo pago", complementa.

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