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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Um dia após a prisão de três vigilantes da empresa de segurança privada Centronic Segurança e Vigilância Ltda, acusados da morte do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, de 19 anos, filho do jornalista e cronista esportivo Vinicius Coelho, várias outras denúncias começam a aparecer. Segundo o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (SindVigilantes), João Soares, o fato que resultou na morte do estudante não foi um fato isolado.

Outras torturas teriam sido cometidas por vigilantes da Centronic. "Para a nossa surpresa ficamos sabendo que isso é uma determinação da própria empresa. Vários funcionários ligaram hoje (quinta-feira) para o sindicato e denunciaram esse tipo de conduta. A orientação é para prender os indivíduos, levar para a empresa, dar um corretivo e depois soltá-los", afirmou João Soares.

De acordo com o presidente sindical, todas as denúncias serão encaminhadas para a Polícia Federal, que tem a competência de fiscalizar o setor. "É humanamente impossível alguém levar uma pessoa para a empresa e ficar 40 minutos torturando sem algum gerente ou supervisor descobrir. Essa ordem partiu de alguém de dentro da empresa. Temos toda a documentação das denúncias e queremos que as autoridades competentes apurem os fatos e prendam os culpados. A categoria inteira não pode ser punida, execrada, por uns poucos elementos", definiu o presidente do SindVigilantes.

Em entrevista ao telejornal ParanáTV, um funcionário da empresa e um ex-funcionário, que preferiram não se identificar, confirmaram que a prática é comum e que a ordem é da própria Centronic. "Se pegar alguém fazendo vandalismo é para bater. A ordem é bater, não encaminhar para a polícia, porque a polícia não iria resolver o caso. Dar um corretivo mesmo. A ordem é essa, vem da chefia", disse o funcionário. O ex-funcionário informou que a prática se tornou freqüente na empresa há dois meses. (Assista ao vídeo acima)

Empresa

No fim da tarde desta quinta-feira (18), a empresa Centronic emitiu uma nota em que nega "que seja orientação da empresa agredir pichadores". Segundo o texto, a política do estabelecimento é prestar serviços de segurança e vigilância "com respeito às leis e à vida humana."

"A empresa está disposta a apurar as denúncias que identifiquem os profissionais responsáveis por ordenar eventuais atos de violência contrários à nossa política. Quando identificados, estes profissionais serão investigados e, se efetivamente deram as referidas orientações, serão imediatamente desligados da empresa e responsabilizados na forma da lei", termina o texto.

Investigação do caso Bruno

Um registro de tortura foi flagrado no celular do vigilante Marlon Balem Janke, 30 anos, principal suspeito de ter dado o tiro na cabeça do estudante Bruno Strobel. No telefone aparece a gravação de dois jovens que são humilhados na frente de outras quatro pessoas.

Os jovens aparecem com os corpos pintados e são obrigados a tirar as roupas. Segundo o delegado-titular de Almirante Tamandaré, Jairo Amodio Estorílio, os três vigilantes presos na quarta-feira (17) confessaram a participação na morte de Bruno Strobel. O estudante foi flagrado pichando uma clínica no bairro Alto da XV, em Curitiba.

O estabelecimento conta com a segurança da Centronic e quando o alarme tocou os vigilantes foram ao local. Segundo a polícia, os acusados levaram o rapaz à força até a sede da empresa, torturam o estudante e em seguida o levaram para Almirante Tamandaré, onde Bruno Strobel foi assassinado com um tiro na nuca. Na sede da Centronic, os vigilantes jogaram a tinta do spray contra o estudante para humilhá-lo.

Acusados

Estão presos Marlon Balem Janke, 30 anos, suspeito de ser o autor do disparo que matou o estudante, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 26, e Eliandro Luiz Marconcini, 25. Os três teriam confessado o assassinato do estudante. Também continua preso o operador de monitor Emerson Carlos Roika, 34, por porte ilegal de arma. Com ele a polícia apreendeu uma pistola 380 raspada, sem identificação.

Três revólveres 38 da empresa foram apreendidos, todos em postos de serviço (guaritas) da Centronic. O delegado Estorílio afirmou que iria analisar o pedido de prisão preventiva contra outros dois funcionários da Centronic, que também estavam na empresa no dia da tortura contra o estudante Bruno. As prisões preventivas seriam do supervisor de monitor, Ricardo Cordeiro Reysel, 32, e do operador de monitor Leônidas Leonel de Souza, 28.

O delegado, porém, afirmou que por enquanto não pedirá a prisão dos dois funcionários. "Por enquanto não vejo a necessidade de prisão preventiva. Eles têm residência fixa e estão colaborando nos depoimentos. O Emerson (Carlos Roika) continua preso por porte ilegal de armas, mas não será indiciado por tortura", explicou Estorílio.

Estorílio afirmou que tem o prazo até o dia 26 deste mês para mandar o inquérito policial para o judiciário. O delegado explicou que o caso está praticamente elucidado. "Ficou a dúvida de quem atirou no Bruno, mas 90% das chances apontam que foi o Marlon. Chegamos a essa conclusão após o depoimento dos três vigilantes. Vamos estabelecer a medida de participação de cada um deles no crime, mas os três também vão responder por tortura", explicou. "Agora é uma questão de coletar o maior número de provas o possível para comprovar os fatos", definiu o delegado.

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