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Atualizado em 15/12/2006 às 16h

Um grupo de funcionários, voluntários e assistidos da organização não governamental (ONG) Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) fez uma manifestação, na tarde desta sexta-feira (15), em frente ao jornal Gazeta do Povo e outros veículos de comunicação, para pedir mais rapidez no processo que investiga um esquema de desvio de verbas que pode chegar a R$ 10 milhões. O objetivo deles é mostrar que, mesmo com as denúncias, o atendimento aos doentes deve prosseguir.

Maria de Lurdes Neves, funcionária da GAPC, explica que desde a prisão dos envolvidos, no dia 23 de novembro, os funcionários estão sem receber salários e benefícios. "Não achamos justo deixar as pessoas sem atendimento porque o escalão de cima é acusado de desvio", explicou.

Mesmo sem pagamento e com todas as verbas congeladas, sete funcionários e 20 voluntários estariam mantendo os atendimentos de 326 doentes de câncer. Mas em alguns casos, como o do senhor Élcio Palu, que tem câncer na próstata, o tratamento estaria sendo prejudicado. "Ele precisa tomar um remédio que custa R$ 500, que era dado pela GAPC. O último ele não pôde tomar", contou sua mulher, Brasilina Palu.

"Nosso objetivo é mostrar que nós da unidade de Curitiba ajudamos as pessoas e o atendimento tem que continuar", reiterou Maria de Lurdes. O recebimento de doações, segundo a funcionária, também teria sido cancelado para evitar possíveis transtornos. Assim, a sede de Curitiba estaria funcionando com caixa zero, sem dinheiro nem para pagar o aluguel.

As investigações do caso já terminaram por parte da polícia. O processo agora está nas mãos do Ministério Público Estadual, que deve oferecer denúncia ao judiciário até segunda-feira (18).

"Operação Pharmako"

Dezesseis pessoas de duas ONGs de apoio a pessoas com câncer foram presas no dia 23 de novembro acusadas de terem desviado doações. A "Operação Pharmako", realizada pela Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas do Paraná, cumpriu ao todo 31 mandados de busca e apreensão e 16 de prisão em quatro estados: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.

O homem apontado como líder da quadrilha é o jornalista Arnaldo Braz, preso na capital paulista. Ele é o gerente da GAPC e da Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer (Abrapec).

O desvio atingiria mais de dois terços de todo o dinheiro arrecadado. As duas ONGs possuem mais de cinqüenta filiais em todo o Brasil. As doações eram pedidas via telemarketing e a coleta realizada por um motoboy. Do total coletado, apenas 10% era usado para doações de cestas básicas. Outros 20% serviam para o pagamento de funcionários e despesas operacionais. O restante era desviado.

Envolvidos

No Paraná, foram cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão em Curitiba, Ponta Grossa, Londrina, Foz do Iguaçu e Maringá. A operação também atingiu as seguintes cidades: Joivinille (Santa Catarina), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), São Paulo e São José dos Campos (São Paulo).

Foram presos em Curitiba: João César Chiquetto, Ismael Avanzi, Adalcina Fermina de Paula Avanzi e Paulo Artur Avanzi. Os outros presos no Paraná são: Clóvis Avanzi (em Ponta Grossa), Adilson Fermino de Paula (Londrina), Cláudio Ciusz (Foz do Iguaçu), Cristiane Mafra de Araújo (Maringá), Nilcéia Brás Deusdara Tourinho (Maringá). E em outros estados: José Idenir da Rosa (Joinville), José Carlos Junqueira (Porto Alegre), Arnaldo Braz (São Paulo), Waldemar Braz (São Paulo), Ada de Souza Mendes (São José dos Campos), Neuza Pereira de Paula (São José dos Campos) e Emerson Silvério Francisco (São Leopoldo).

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