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Portões fechados neste sábado (29) | Bruna Komarchesqui
Portões fechados neste sábado (29)| Foto: Bruna Komarchesqui
  • Portões fechados neste sábado (29)

O Hospital São Vicente anunciou na noite desta sexta-feira (28) que estão fechadas as portas da filial na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que atende exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A entidade afirma que a Prefeitura de Curitiba não repassou os recursos do SUS à unidade da CIC referentes aos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro (fato que foi negado pela prefeitura). Na noite desta sexta alguns pacientes ainda estavam no prédio, mas a estimativa é que durante o fim de semana todos tenham alta.

A instituição havia informado seus funcionários no último dia 19, em aviso prévio, que iria fechar as portas a partir do dia 30 de novembro. Neste dia, a entidade apontou que a única chance de reverter a decisão de fechar a filial na CIC era a prefeitura repassar os valores em atraso. No local há 45 leitos e todos eles servem ao Sistema Único de Saúde (SUS). São, em média, 200 internamentos por mês de pacientes de baixa e média complexidade.

A instituição de saúde não informou quantos funcionários foram demitidos, quantas pessoas ainda estão no hospital e nem o que será feito com a estrutura na CIC. Está marcada para a próxima segunda-feira (1º) uma entrevista coletiva na qual o hospital promete divulgar todos os detalhes da situação. Em nota, a entidade disse que vai "reunir a imprensa para relatar todos os detalhes da dívida que culminou com o fechamento da unidade do São Vicente, localizada em uma das regiões mais carentes de Curitiba."

A reportagem tentou contato com o telefone de plantão da Prefeitura de Curitiba, por volta das 20h30, mas obteve sucesso.

Hospital diz que não recebeu, mas prefeitura diz que pagou

Quando anunciou que iria fechar, na semana passada, o Hospital São Vicente frisou que ficou sem receber nenhum centavo do SUS desde o mês de abril deste ano até 14 de novembro. Segundo a assessoria do hospital, uma quantia de R$ 300 mil foi transferida no dia 14 de novembro depois que, no dia 24 de outubro, o hospital notificou a Secretaria Municipal de Saúde sobre os atrasos. A empresa reclama que ao longo dos últimos anos é recorrente o problema dos atrasos nos repasses, não sendo apenas um problema da atual gestão.

A instituição relata que somente pôde atender de maio até agora sem receber os recursos do SUS porque uma parte da dos atendimentos é paga com recursos privados. O estabelecimento diz que o dinheiro pago por pacientes particulares do hospital (da sede do Centro) foi utilizado para cobrir despesas emergenciais e manter a parte que atende pelo SUS em funcionamento. A unidade do Centro do hospital, que também tem uma parcela de sua operação financiada pelo SUS, também teria repasses atrasados desde fevereiro, segundo a assessoria. Neste local, no entanto, os atendimentos públicos continuam sendo feitos, segundo a assessoria.

No mesmo dia em que o hospital anunciou o fechamento, a Prefeitura de Curitiba, em nota, disse que a informação sobre os atrasos era "completamente improcedente". O documento diz que em "todos os meses a entidade recebe verbas referentes a serviços prestados por meio do SUS." A nota defende que de janeiro até novembro "foram repassados ao hospital mais de R$ 3,59 milhões", e que "somente no mês de novembro, o São Vicente CIC recebeu pagamentos de R$ 321 mil – sendo uma parcela de R$ 211 mil referente a incentivos do SUS, transferida no último dia 13, e R$ 110 mil sobre a produção hospitalar, pagos no último dia 17."

De acordo com a nota, divulgada na ocasião, a "Secretaria Municipal da Saúde reconhece a importância do Hospital São Vicente CIC na assistência hospitalar pública de Curitiba e trabalha junto ao Ministério da Saúde para ampliar o número de leitos do SUS na entidade, reconhecendo, no entanto, que se trata de uma decisão do próprio hospital aderir ou não à medida." O documento continua dizendo que "caso o São Vicente CIC opte de fato por desvincular-se do Sistema Único de Saúde, a Secretaria trabalhará prontamente para redistribuir os atendimentos feitos no local para outras instituições de Curitiba e região metropolitana de modo a não prejudicar a população."

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