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A proporção dos investimentos públicos e privados mostra que, ao longo da década, houve um descolamento das duas fontes, com o governo passando a assumir a maior parte dos aportes. Em 2002, União e empresas se equivaliam no volume de investimentos: o primeiro destinou R$ 2,9 bilhões e o segundo, R$ 2,6 bilhões. Mas, a partir do ano seguinte, o dinheiro público nas estradas cresceu 700% em oito anos, enquanto as aplicações privadas se mantiveram estáveis. Os números não abrangem aplicações feitas pelos estados. Apesar disso, o gasto dos dois setores é proporcional à quilometragem sob sua responsabilidade. As concessionárias detêm 8,6% da malha pavimentada nacional, enquanto o governo federal é responsável por 33%.

Para o Ipea, o dado revela a estratégia das duas esferas ao longo da década. O dinheiro aplicado pelas concessionárias está atrelado a obras de manutenção dos trechos, já que o período do levantamento abrange os anos imediatamente posteriores à primeira etapa do programa de privatização da administração de rodovias. No caso dos investimentos da União, a recuperação das vias divide prioridade com a abertura de novas rotas.

Por causa da insuficiência de recursos públicos, essas duas necessidades criam o dilema do cobertor curto, em que nenhum dos tipos de investimento é suficientemente atendido. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT), 87% das estradas privatizadas foram consideradas boas ou ótimas em 2010, contra 32% das rodovias públicas.

Os analistas avaliam que, mesmo com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007, o governo federal não conseguiu recuperar o atraso. "Os investimentos não foram efetivados", lamenta Olivier Girard, consultor do setor automobilístico e de transportes. "O total aplicado está longe de atender às necessidades do Brasil", avalia Nilson Hanke Camargo, assessor da Federação da Agricultura do Paraná . "O plano apontava para várias necessidades, mas a realização foi irrisória", define.

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