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Mudança

Novo ministro assume Defesa com discurso de tom enérgico

Na cerimônia em que recebeu o cargo de ministro da Defesa de Waldir Pires, Nelson Jobim usou tom enérgico há muito engavetado no Ministério da Defesa. Com o argumento de que a história não registra boas intenções, mas, sim, resultados, o novo ministro foi duro. "Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe. Aja ou saia. Faça ou vá embora!", exclamou Jobim, repetindo frase do premiê britânico Benjamin Disraeli (1804-1881), muito usada pelo ex-presidente do PMDB Ulysses Guimarães, morto em 1992.

Antes dele, Pires fez um discurso melancólico de despedida, no qual admitiu "frustração" ao deixar o posto. "Tenho, dentro de mim, um sentimento que me sufoca – mas que venço –, de espinhosa dúvida, quase diria de ameaça de frustração, pelo temor do sonho interrompido", afirmou. "Temos de vencer essa crise. Haveremos de vencê-la".

Abatido, Pires disse esperar que o governo delegue a Jobim instrumentos que ele não teve para solucionar os problemas. Mesmo se referindo a Pires como "meu querido amigo e irmão", Jobim procurou demarcar as diferenças com o antecessor. "A história não registra e não grava boas intenções. A história registra o que fazemos e o que deixamos de fazer. Ela não aceita explicações", bradou. O novo ministro pregou a "união nacional" para mostrar ao mundo que o Brasil "veio para ficar e para ter voz". Pragmático, afirmou não haver tempo para ouvir explicações "Precisamos consumir o tempo do lamento para a construção de soluções", insistiu.

Paulo Bernardo nega privatização da Infraero

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que o governo federal não irá privatizar a Infraero.

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Brasília – As filas nos aeroportos não têm dia, mês e muito menos hora para acabar. Depois de receber o cargo do ex-ministro Waldir Pires, o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que a prioridade, em plena crise aérea, é decolar, e não investir na comodidade dos passageiros. Mesmo sem querer entrar no mérito de quem foi culpado pelo acidente com o vôo JJ 3054 da TAM, no dia 17, em São Paulo, Jobim admitiu que é preciso trocar o comando da Infraero e mencionou um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim de semana, para tratar do assunto.

"Se o preço da segurança for manter por algum tempo a fila (nos aeroportos), ela será mantida. Se o preço da segurança for o desconforto, será mantido o desconforto porque é uma questão de opção", insistiu.

Ele ressalvou que, apesar das várias reformas nos aeroportos, muito ainda precisa ser feito para a segurança e disse confiar num aporte de recursos de, aproximadamente, R$ 2 bilhões para o ministério.

"O presidente Lula já disse, claramente, que não se teve nenhuma visão sobre as questões relativas às estruturas de pouso e de decolagem, mas houve grandes preocupações no que diz respeito à tentação de shopping centers e criação de cinemas", afirmou.

Na cerimônia de transmissão do cargo, Jobim pediu um minuto de silêncio em homenagem aos cerca de 200 mortos na tragédia e prometeu tomar decisões "até segunda-feira (30)" para enfrentar a crise com medidas de curto, médio e longo prazos. "Não se reconstrói, não se recompõe aquilo que se perdeu. Mas essa situação nos leva a assumir a responsabilidade da segurança do vôo", argumentou.

Encontro

O novo ministro da Defesa conversará hoje, na capital paulista, com o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Percorrerá o Aeroporto de Congonhas e o local onde são feitos os exames de DNA com as vítimas do acidente.

Na tarde de ontem, evitou mergulhar na guerra de versões sobre as causas do desastre. Para o governo federal, o desastre ocorreu por falha humana e do avião. Na avaliação do governo de São Paulo, a pista de Congonhas foi entregue pela Infraero sem as ranhuras necessárias.

Em tom enérgico, Jobim defendeu mudanças no modelo da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sob o argumento de que a administração federal não pode ficar presa a "engessamentos" de órgãos que não funcionem. Condenou, ainda, as vinculações de origem partidária que dominam a Anac.

Atualmente apenas uma das cinco diretorias da agência é ocupada por profissionais do setor. "Não podemos deixar que haja mais comandos fora de regências. Isso aqui tem de funcionar como uma orquestra e o maestro sou eu, sob as ordens do presidente", disse.

Ao defender uma "integração sistêmica" da pasta, o novo ministro afirmou que trabalhará "de domingo a domingo" para examinar as mudanças da Infraero. "Sou adepto da semana portuguesa", notou. O encontro com Lula deverá ocorrer no domingo. Questionado sobre rumores no Palácio do Planalto, indicando que o novo presidente da Infraero pode ser o ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão, Jobim desconversou. "Se é civil ou militar, não importa. O importante é que seja um gestor", afirmou. Ao contrário do presidente, que confessou entregar "a sorte a Deus" quando entra no avião, o ministro disse não ter medo dos aparelhos. "Nunca tive", declarou. Depois, garantiu que é seguro voar no Brasil.

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