Cascavel De sapatos emprestados pelo sogro, camisa azul e calça jeans, o trabalhador rural Joanir Pereira compareceu, ontem à tarde, à audiência de conciliação presidida pelo juiz da 3.ª Vara de Trabalho de Cascavel, Bento Luiz de Azambuja Moreira, o mesmo que no dia 13 de junho suspendeu a sessão porque o trabalhador calçava chinelo de dedos. Ontem, o magistrado reconheceu o erro e surpreendeu ao oferecer um par de sapatos usado ao trabalhador, que recusou o presente. A conciliação terminou em acordo.
A sessão estava marcada para 16 horas no Fórum Trabalhista de Cascavel, mas só começou 55 minutos depois. Nervoso, Pereira disse que quase não dormiu à noite por causa da audiência. Para evitar um novo constrangimento, ele decidiu mudar o visual e vestiu a sua melhor roupa. O chinelo de dedos, motivo da polêmica passada, Pereira deixou em casa. "O meu sogro emprestou o par de sapatos. Ficou um pouco apertado, mas achei melhor usá-lo", disse o trabalhador, que está desempregado ele mora com a mulher e mais dois filhos.
Acompanhado do advogado Marcelo Picolli, o trabalhador movia uma ação trabalhista contra a empresa Bresolin Madeira no valor de aproximadamente R$ 10 mil. O encontro foi cercado de expectativa, uma vez que o advogado solicitou a suspensão do juiz Bento Moreira no caso, o que não aconteceu. Depois de 40 minutos, a sessão foi encerrada com um acordo entre as partes. O trabalhador rural aceitou receber R$ 1,8 mil. "Vou comprar algumas coisinhas para a casa e um par de sapatos", disse Pereira ao sair da audiência.
O juiz disse que tomou a decisão de presentear o trabalhador com um par de sapatos porque havia prometido na audiência anterior que, caso o reclamante provasse que não tinha um par de sapatos, iria presenteá-lo com o calçado. "Não tive a intenção de desrespeitá-lo", afirmou Moreira. Para cancelar a audiência no mês passado, juiz considerou que o chinelo era "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário" e marcou uma nova data para a audiência.
A decisão do juiz provocou reação de várias entidades, como o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, que condenaram a atitude do juiz. Moreira afirmou que pediu desculpas a Pereira durante a audiência de ontem. "Reconheci que houve um equívoco da minha parte. Agi com excesso de zelo", declarou. O advogado do trabalhador promete mover uma ação judicial contra o Estado pelo que ele considera um "ato discriminatório" por parte do juiz trabalhista durante o primeiro encontro.
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