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A 2.ª Vara do Tribunal do Júri aceitou nesta quinta-feira (1º) a denúncia de homicídio contra Cleverson Petreceli Schimitt, de 19 anos, acusado de matar o escritor Wilson Bueno no fim do mês de maio. A decisão é assinada pelo juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, que também decretou a prisão preventiva do suspeito. Desde que foi localizado pela polícia, Schimitt já vinha cumprindo prisão temporária, na carceragem da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).

A partir do momento em que forem informados da decisão da justiça, os advogados de Schimitt terão um prazo de dez dias para apresentar as preliminares da defesa, oferecendo documentos e provas, e arrolando até oito testemunhas.

Os advogados Maurício Zampieri de Freitas e Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida informaram, no entanto, que vão pedir a prorrogação do prazo. Eles alegam que a defesa ainda não teve acesso a laudos (de necropsia, de perícia no computador, de levantamento do local e toxicológico da vítima) que foram solicitados pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). "Em nome da ampla defesa, para que possamos estruturar nossa argumentação, precisamos ter acesso a esses documentos", disse Freitas.

A denúncia por homicídio havia sido apresentada pelo MP-PR na semana passada. O órgão decidiu não acusar o homem por latrocínio (roubo seguido de morte) apesar de o suspeito ter furtado alguns objetos da vítima. A promotora Fernanda Nagl Garcez entendeu que a intenção de Schimitt foi de matar o escritor e não de subtrair os pertences.

Prisão preventiva

O juiz decretou a prisão preventiva de Schimitt, destacando que há provas da existência do crime e que há indícios de que o acusado seja o autor do homicídio. O magistrado considera ainda que, se solto, o réu pode atrapalhar a instrução do processo ou pode voltar a praticar novos crimes. A argumentação do decreto tem quatro páginas, embasadas no depoimento que Schimitt prestou quando foi preso.

Os advogados de Schimitt informaram que, na segunda-feira (5) vão ingressar com um pedido de habeas corpus, junto ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Além de destacar que o réu preenche todos os requisitos para responder em liberdade (primariedade, residência fixo, bons antecedentes e trabalho), a defesa vai alegar que o depoimento em que Schimitt confessa o crime foi maculado. Isso porque, durante o interrogatório, ele teria sido acompanhado do advogado Pedro Octávio Gomes de Oliveira, que era amigo de Bueno.

Na segunda página do decreto de prisão preventiva, o juiz faz menção ao fato de Schimitt ter sido acompanhado por advogado durante o interrogatório. De acordo com a defesa, o acusado teria sido induzido por Oliveira a confessar coisas que não corresponderiam com a realidade. "A prisão preventiva foi pedida com base no depoimento do réu. Entretanto, considerando-se que o interrogatório foi maculado, acreditamos conseguir o habeas corpus", disse Almeida.

Assim que receber o pedido, o TJ-PR terá 48 horas para decidir, em caráter liminar, se Schimitt poderá ou não responder pelo crime em liberdade. O mérito do pedido deve ser julgado no prazo de um mês.

O crime

O escritor Wilson Pinto Bueno, de 61 anos, foi encontrado morto dentro de sua residência, no bairro Tingui, em Curitiba, na noite de 31 maio. Ele foi assassinado por volta das 21 horas do dia 30. Segundo o inquérito policial elaborado pela DFR, o escritor morreu depois de ter sido atingido por um golpe de faca no pescoço, que teria sido desferido por Cléverson Schimitt.

De acordo com as autoridades, o crime foi motivado por um cheque de R$ 130 que Bueno teria sustado depois de repassar a Schimitt como pagamento de um programa sexual e adiantamento de um serviço de demolição. Para a promotora do MP, o escritor queria efetuar o pagamento em dinheiro e reaver o cheque antes que o rapaz o descontasse.

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