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O LinkedIn mudou a política global com relação à oferta de vagas de emprego e passará a permitir anúncios direcionados a negros, mulheres, LGBTs, indígenas e pessoas com deficiência. A nova política foi divulgada pelo diretor-geral do LinkedIn para a América Latina, Milton Beck, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira (29).

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No Brasil, a rede social voltada ao mercado de trabalho é alvo de uma ação civil pública por retirar do ar um anúncio com vaga de emprego que priorizava candidatos negros e indígenas. Movida pela Educafro, Frente Nacional Antirracista e Centro Santo Dias de Direitos Humanos, o argumento foi de que houve “dano moral coletivo e dano e social infligidos à população negra e ao povo brasileiro de  modo geral”. Eles querem que a empresa pague uma indenização de R$ 10 milhões. O LinkedIn também foi notificado pelo Procon-SP pelo mesmo motivo.

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A vaga em questão foi publicada em março deste ano e era para um emprego na coordenação administrativo-financeiro do Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo (Laut). O texto da vaga dizia que, como parte das ações afirmativas da empresa e para valorizar a pluralidade da equipe, o processo seletivo daria “preferência a pessoas negras (pretas e pardas) e indígenas”. Poucos dias depois da publicação, o anúncio foi retirado do ar por violar as políticas de serviço da plataforma que estavam vigentes naquele momento. À época, o LinkedIn não permitia nenhuma vaga que tivesse preferências relacionadas a questões como idade, gênero, raça, etnia, religião ou orientação sexual.

Apesar da mudança, o diretor-geral do LinkedIn para a América Latina afirmou ao Estadão que a flexibilização com relação à oferta de vagas valeria apenas para "grupos historicamente sub-representados" e que seguem proibidos os anúncios discriminatórios. Além disso, a alteração na política da rede social vale apenas para os locais em que existe legislação para embasar a oferta dessa espécie de "cotas" nas vagas de emprego. É o caso do Brasil, de acordo com as novas regras do LinkedIn.

Trainee do Magazine Luiza

Essa não foi a primeira vez que vagas de emprego exclusivas para candidatos negros geram polêmica e se tornam alvo de ações judiciais. Em 2020, o Magazine Luiza abriu inscrições para um programa de trainees exclusivo para candidatos negros. De acordo com a empresa, o objetivo era “trazer mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia, recrutando universitários e recém-formados de todo Brasil, no início da vida profissional".

Posteriormente, o processo seletivo do Magalu foi alvo de uma ação civil pública na Justiça do Trabalho por parte do defensor público da União Jovino Bento Júnior. Para ele, embora a inclusão social de negros e qualquer outro grupo seja desejável, o programa em questão "não é medida necessária - pois existem outras e estão disponíveis para se atingir o mesmo objetivo -, e nem possui proporcionalidade estrita - já que haveria imensa desproporção entre o bônus esperado e o ônus da medida, a ser arcado por milhões de trabalhadores".

No processo, o defensor sugeriu a cobrança de R$ 10 milhões de indenização por danos morais coletivos, pela violação de direitos de "milhões de trabalhadores (discriminação por motivos de raça ou cor, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho)".

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Além dessa, houve uma série de denúncias contra aquele programa de trainees do Magazine Luiza. Mas elas foram rejeitadas pela Justiça do Trabalho.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]