
Para matar a sede de 4 milhões de pessoas população estimada para 2040 na Região Metropolitana de Curitiba será necessário captar água em quatro novos pontos, cada vez mais distantes da capital. Os dados fazem parte do Plano Diretor de Abastecimento para a Grande Curitiba, elaborado a pedido da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), e estimam investimentos de mais de R$ 550 milhões nos próximos anos. Uma das maiores obras previstas é a construção da barragem no Rio Miringuava, em São José dos Pinhais. O manancial hoje fornece até 900 litros de água por segundo. Com a barragem concluída, a capacidade máxima será de 2 mil l/s.
INFOGRÁFICO: Veja a previsão de oferta de água em Curitiba até 2040
Captação
O estudo sobre mananciais possíveis começou em 2011 e custou R$ 1 milhão. O grupo de trabalho avaliou várias opções e concluiu que a ampliação da captação no Miringuava e a exploração de outros três pontos poços em Campo Magro, barragem no Rio Faxinal, em Araucária, e a reserva do Aquífero Karst que aflora no Rio Capivari seriam suficientes para assegurar que não faltará água. Hoje a capacidade de produção de água na região é de 10.452 litros por segundo. Em 2040, deverá chegar aos 13.765 l/s, aumentando a oferta em um terço.
O cenário para a RMC é diferente das dificuldades encontradas em outros grandes centros urbanos. São Paulo e Nova Iorque, por exemplo, foram captar água mais longe, mas precisaram recorrer a uma única fonte. Já a situação da Grande Curitiba não é de vasta disponibilidade. Assim, foi necessário recorrer a várias fontes menores. "Estamos em uma área de nascentes", explica João Martinho Cleto Reis Junior, presidente interino da Sanepar. Pelo mesmo motivo, a empresa opta por fazer barragens, como a do Iraí.
Plano
O plano diretor considerou projeções de crescimento populacional, econômico e de consumo de água. O estudo leva em conta as áreas conurbadas, já que há uma interdependência que extrapola questões geográficas: nem sempre a cidade produz água suficiente para si mesma. Os recursos a serem investidos vêm de várias origens, como o PAC do Saneamento, BNDES e recursos próprios, e não inclui a estimativa de gastos com a expansão da rede distribuidora. Também não estão previstos gastos para coleta e tratamento de esgoto porque um estudo específico está sendo elaborado.
Paranasan
O investimento previsto pelo novo plano diretor da Sanepar não é o maior já feito na área de abastecimento na região. Entre 1998 e 2004, foram implantadas as obras do programa Paranasan, com 180 milhões de dólares, em valores da época, destinados para o sistema de água da RMC e Litoral.
Obras da barragem devem começar ainda em 2014
Uma área do tamanho de três parques Barigui deverá ser alagada, a cerca de 30 quilômetros do centro de Curitiba, para garantir um novo reservatório de água para os moradores de Curitiba e região metropolitana. A barragem do Rio Miringuava deve começar a ser construída ainda em 2014 e a previsão é de que esteja cheia nos próximos dois anos. Serão investidos R$ 87 milhões, sendo a metade para a barragem e o restante para cobrir despesas, como o pagamento de desapropriações a 150 donos de terras.
Para assegurar a qualidade do manancial, a Sanepar pretende promover um programa semelhante ao Cultivando Água Boa, da Usina de Itaipu, que incentiva a preservação das fontes de recursos hídricos. Não está descartado o chamado pagamento por serviços ambientais ou seja, um bônus em dinheiro para quem cuida de nascentes que tem na propriedade.
Variação
Hoje o Miringuava já fornece água para as cidades da Grande Curitiba. Contudo, com a captação no leito, o sistema está sujeito às variações do fornecimento de água. A barragem deve funcionar como uma garantia constante do recurso e permitirá dobrar a capacidade captada. A crista da barragem terá 306 metros de comprimento e 26 metros de altura.



