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Cerca de 200 pessoas participaram de uma passeata defendendo a liberdade de expressão neste domingo (22) em Curitiba. Parte do grupo participaria da Marcha da Maconha, que foi proibida de ocorrer judicialmente na capital paranaense. Elas se reuniram por volta das 15 horas na Praça Santos Andrade, e seguiram até a Boca Maldita. No local, o grupo parou em frente a um módulo policial e duas viaturas da Polícia Militar foram acionadas. Por volta das 17 horas, o grupo se dispersou. Não houve registro de incidentes durante a manifestação.

A mudança de foco na passeata foi a opção adotada pela organização, já que o debate sobre a legalização da droga foi vetado pela justiça. Em São Paulo, a justiça também proibiu a manifestação, mas simpatizantes da causa saíram às ruas na tarde de sábado (21) e foram reprimidos pela polícia.

Assim como no Paraná, os organizadores da manifestação na capital paulista haviam decidido transformar o ato em um protesto a favor da liberdade de expressão. As referências à maconha foram apagadas de cartazes e cobertas com fita adesiva preta nas camisetas. Os manifestantes foram informados ainda de que não poderiam seguir em passeata, como haviam planejado. Mas a multidão acabou avançando após a prisão de um participante acusado de fazer apologia à droga.

A Tropa de Choque foi acionada na tentativa de impedir que o grupo de cerca de mil pessoas caminhasse pela Avenida Paulista. A polícia disparou balas de borracha, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e gás pimenta contra a multidão. Oito pessoas foram detidas.

Em Curitiba, alguns participantes disseram que os confrontos em São Paulo apenas estimularam a adesão ao protesto. Para o advogado Fernando Lemos, que observava a marcha, a proibição do uso da maconha é benéfica aos traficantes e aos policiais corruptos, que cobram propina para liberar a venda ilegal da droga.

A favor da maconha

Embora o acordo fosse realizar um protesto a favor da liberdade de expressão, a passeata em Curitiba também foi marcada por gritos em defesa da maconha. Alguns integrantes chegaram a cantar uma canção do jamaicano Bob Marley, conhecido como um dos grandes defensores da droga.

Um dos organizadores do evento, o publicitário Shardie Casagrande disse que o objetivo da passeata não era estimular debates apenas sobre a legalização do uso recreativo da maconha. "A marcha vem trazer discussões que vão além do usuário e envolvem o tráfico de drogas. Mais do que a liberação, defendemos que a comercialização seja organizada e controlada pelo governo. Além disso, a maconha pode ter uso medicinal e industrial. Sua semente, por exemplo, tem mais proteínas que a semente de linhaça", afirmou.

Imbróglio

A decisão da Justiça de proibir a realização de uma manifestação em Curitiba que defende o debate sobre a legalização da maconha abriu caminho para outra discussão: a da liberdade de expressão. Depois que o juiz Pedro Luís Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba, na última quarta-feira (18), foi favorável à medida cautelar proposta pelo deputado federal Fernando Francischini (PSDB), a organização do evento acionou a Justiça para derrubar a liminar e viabilizar a marcha.

Como a proibição do movimento está atrelada ao tema, os manifestantes pretendem manter a marcha, porém, abordando o direito à liberdade de expressão, que, do ponto de vista deles, está sendo desrespeitado. A organização não governamental Artigo 19, criada para discutir justamente a liberdade de expressão, concorda que o movimento está tendo seus direitos cerceados. "Existem limites reconhecidos internacionalmente para a liberdade de expressão, mas uma decisão judicial que proíbe a manifestação de uma opinião é censura prévia", garante a especialista da organização Laura Tresca.

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