A 21ª edição da Marcha para Jesus, megaevento evangélico que tomou neste sábado (29) as ruas de São Paulo, virou ato de desagravo ao pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
Deputado federal, ele preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e entrou na mira de manifestações em todo o país em razão de o colegiado ter aprovado projeto que permite a chamada "cura gay", tratamento psicológico à homossexualidade.
Feliciano disse que pretendia dar uma resposta aos seus críticos. Ele acrescentou à camiseta oficial do evento os dizeres "eu represento vocês".
Do alto do trio elétrico principal da passeata, Feliciano afirmou: "Eu represento um segmento conservador da sociedade, um segmento família da sociedade. Esses aqui eu represento".
O congressista afirmou que ele está sendo injustamente responsabilizado pela projeto da chamada "cura gay".
Ele admite que apoia a proposta, mas não é o autor dela e tinha obrigação de colocá-la em discussão como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Ele fez uma oração para o público durante o evento na qual procurou enaltecer "os valores da família".
No meio da marcha podiam ser vistas faixas alusivas às recentes manifestações ocorridas no país. Entre os dizeres havia "Justiça! Queremos os mensaleiros na cadeia", "Manifestação pacífica tem limite", "Fora baderna e vandalismo" e "Procurando Lula".
Havia também mensagens sobre o tema da "cura gay": "Os ativistas gays querem ser donos dos homossexuais. Direitos Humanos Já!". Essas faixas eram exibidas por pessoas que se identificaram como integrantes da Assembleia de Deus do Rio de Janeiro.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que não iria fazer estimativa oficial de público da passeata. Oficiais da corporação ouvidos pela reportagem no trajeto avaliaram que o público era de 40 mil pessoas na primeira hora do evento, que começou às 10h.
Indagado pela reportagem, o líder da Igreja Renascer em Cristo, organizadora do evento, apóstolo Estevam Hernandes, não quis arriscar uma avaliação sobre o total de participantes. Até o início desta tarde, não havia registro de incidentes graves na marcha.
Polêmica
Aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o projeto que permite aos psicólogos promover tratamento com o objetivo de curar a homossexualidade ainda precisa passar ainda por outras duas comissões da Casa: Seguridade Social e Constituição e Justiça. Caso passe em ambas, seguirá para o plenário da Câmara.
O governo, contudo, tem se mostrado contrário à medida. A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) chegou a dizer que trabalharia para impedir a aprovação do texto no Congresso, o que gerou protestos da bancada evangélica.
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