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A chácara de Olívia, assim como outras da região, volta-se para uma produção menor, porém mais qualificada | Fotos: Fabio Dias/Gazeta do Povo
A chácara de Olívia, assim como outras da região, volta-se para uma produção menor, porém mais qualificada| Foto: Fotos: Fabio Dias/Gazeta do Povo

Café fará parte de produto especial

Em abril de 2010, o café produzido por Olívia Faustinoni da Silva fará parte de uma série limitada dos melhores cafés nacionais, elaborada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O produto será vendido em redes varejistas e lojas gourmet de diferentes pontos do país. A entidade promete, durante o processo de torra e moagem, manter as características dos grãos.

Também comporão a edição limitada os outros oito finalistas do 6º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. O critério da premiação foi o valor do lance dado por cada lote. O de Olívia, que concorreu na categoria café natural, foi arrematado pela cooperativa Cocari, também de Mandaguari, por R$ 1.501 a saca de 60 quilos. A premiação ocorreu em Salvador (BA).

Um café cremoso com sabor que lembra baunilha e amêndoa. Foi com esses grãos que a produtora Olívia Faustinoni da Silva, de Mandaguari, a 35 quilômetros de Maringá, venceu no último mês o 6º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. Trata-se da mais recente conquista da cafeicultura local, que neste ano foi premiada outras vezes e desponta como um polo de qualidade da cultura.

A chácara de Olívia, assim como outras da região, é de pequeno porte e se volta para uma produção menor, porém mais qualificada, no que é chamado por especialistas de "café gourmet". Para se ter uma ideia, a cafeicultora, que tem 77 anos e há dez trabalha com o grão, produz cerca de 200 sacas por safra. O degustador da cooperativa Cocari, que congrega 2,5 mil cafeicultores entre os municípios Marialva e Mandaguari, Mário da Silva, explica que os processos de colheita e secagem são minuciosos. O grão é colhido no que é conhecido como sistema de pano. "O produtor coloca um pano sob os pés de café, que são chacoalhados para que caiam somente os frutos maduros. Depois disso, a secagem é feita em terreiros suspensos, que evitam a umidade e a consequente fermentação."

Além do manejo cuidadoso, o clima da região também contribui para apurar a qualidade da planta. "A altitude facilita a maturação do café, enquanto o clima equilibrado de sol e chuva propicia grãos uniformes e encorpados", explica Silva. Isso também deixa o produto mais cremoso e menos ácido.

Olívia destaca ainda o método orgânico que aplica na própria lavoura, que fica em uma área de reserva ambiental, o que restringe o uso de agrotóxicos. "Todos aqui na região são incentivados a cuidar muito bem da lavoura. A Emater e a Cocari prestam ótima assistência técnica. Foi com eles que aprendi a plantar café", conta.

Café que derruba mitos

Na opinião do engenheiro agrônomo Florindo Dalberto, que já presidiu o Iapar e hoje trabalha na organização do Concurso Café Qualidade Paraná, também vencido por produtores da região de Mandaguari, as sucessivas premiações da cafeicultura local contribuem para derrubar o mito da baixa qualidade do café paranaense.

"O nosso café sempre foi produzido de forma extensiva. Já fomos os maiores produtores do mundo. O problema é que isso afetava a qualidade do produto. A partir de década de 1990, adotamos um novo padrão tecnológico e a qualidade da safra está crescendo", explica.

Ele estima que cerca de 30% das lavouras se dediquem a essa produção mais qualificada e menos volumosa, com destaque para regiões como Norte Pioneiro, Noroeste e Oeste. "O nosso desafio agora é aumentar também a qualidade das lavouras que produzem de forma extensiva."

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