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No ano, 2.641 condutores da cidade e região já procuraram a Ciretran para entregar CNHs irregulares | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
No ano, 2.641 condutores da cidade e região já procuraram a Ciretran para entregar CNHs irregulares| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Vereador que tinha carteira suspensa fez curso de reciclagem no Dia dos Pais

O vereador de Maringá Mário Verri (PT), que dirigia com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, entregou o documento à Ciretran, passou pelo curso obrigatório de reciclagem e está novamente habilitado a dirigir. O curioso é que o curso do qual o parlamentar participou ocorreu no fim de semana do Dia dos Pais. "No domingo ficamos lá até as seis horas da tarde", conta.

O nome de Verri estava na lista dos motoristas em situação irregular divulgada em junho pela Sesp. O parlamentar afirma que só soube da ilegalidade quando a lista veio a público e que, então, procurou imediatamente a Ciretran. "Valeu como experiência. Muitas vezes a gente é relapso no volante, pensando que conhece tudo sobre trânsito, mas o curso mostra que estamos errados."

A CNH do vereador tinha 31 pontos, onze a mais que o permitido (20 pontos, acumulados em 12 meses). A maioria das multas era por estacionamento irregular e uso de celular ao volante. Verri diz que, como tem mais de um veículo registrado em seu nome, terceiros foram responsáveis por parte das infrações.

O parlamentar conta ainda que, nos cerca de três meses que ficou sem dirigir, andou de carona. "Como o Ênio (Verri, irmão de Mário e secretário estadual de Planejamento) tem um motorista que fica em Maringá, aproveitei e andei com ele."

A realização de curso de reciclagem é obrigatória para motoristas que tiveram a habilitação suspensa, conforme o artigo 268 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O curso tem 30 horas/aula divididas nas quais são ministradas as seguintes disciplinas: legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros socorros e relacionamento interpessoal. Para mais informações, clique aqui.

A entrega de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) suspensas dobrou em Maringá desde junho, quando a Polícia Militar passou a visitar a casa dos motoristas em situação irregular para recolher o documento. Dados da 13ª Ciretran, que abrange Maringá e sete municípios da região, mostram que, até maio, em média seis pessoas entregaram a habilitação por dia. A partir de junho, esse número subiu para 12.

Julho foi o mês em que a Ciretran recebeu o maior número de CNHs, 767. No ano, 2.641 condutores já procuraram o órgão para deixar a carteira. Desde junho, o motorista que não entregar a habilitação está sujeito a receber uma visita da Policia Militar e ser detido em flagrante por desobediência, o que pode resultar em até seis meses de prisão.

"Ficou nítido que isso mudou o comportamento dos motoristas, que passaram a temer a possibilidade de receber as visitas da PM e ter de entregar a carteira mediante tamanho constrangimento", diz o chefe da 13ª Ciretran, capitão Ideval de Oliveira.

O aumento na entrega das habilitações resultou no crescimento da demanda por cursos de reciclagem - que são obrigatórios para que o condutor recupere o direito de conduzir. Enquanto até maio foram promovidos 35 cursos, a partir de junho esse número subiu para 53. No ano, quase 3 mil motoristas já participaram dos cursos.

Oliveira diz o aumento súbito na procura gerou filas de espera, mas não sabe precisar de quanto tempo. Segundo ele, para suprir a demanda, em uma única semana a Ciretran viabilizou a realização de cinco cursos, com 30 alunos cada, o que permitiu a regularização da situação de 150 motoristas.

A ordem para a PM visitar os motoristas em situação irregular partiu da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), que baixou uma resolução depois que o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, dirigindo com a carteira suspensa, se envolveu em um acidente que resultou na morte de dois jovens. A medida era inédita no país e passou a vigorar no fim de maio.

Desde então, equipes da PM realizam visitas domiciliares aos motoristas em situação ilegal. O nome dos infratores consta em uma lista enviada pelo Detran à polícia. Os soldados realizam o trabalho à paisana, para evitar constrangimentos. Não há prazo para a fiscalização terminar.

Ideval acredita que, mesmo depois que isso ocorra, o volume de carteiras entregues permaneça alto. "Depois de tudo o que ocorreu, os condutores tomaram consciência que devem entregar o documento vencido e regularizar a sua situação. Eles sabem que não podem assumir a direção de um carro nessa condição."

PM recolheu mais de 100 carteiras

Em Maringá, a polícia já visitou 1.493 motoristas, recolhendo 103 CNHs. O trabalho é dificultado porque muitos condutores não são encontrados em casa ou se mudaram. Em toda a região coberta pelo 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que engloba 23 municípios, foram 2.492 visitas, com 266 habilitações apreendidas.

O tenente da PM Joel Guerreiro Martin diz que não houve prisões - o que significa que ninguém se recusou a entregar a carteira. Quem negar o pedido pode ser preso em flagrante pelo crime de desobediência (artigo 330 do Código Penal), cuja pena varia de 15 dias a seis meses de detenção.

O Detran-PR, por meio da assessoria de imprensa, informa que não possui um dado atualizado do número de carteiras suspensas na cidade. Uma lista da PM mostrava que, em julho, 3.050 pessoas deveriam ser visitadas nas 23 cidades cobertas pelo 4º BPM para devolverem habilitações em situação irregular.

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