• Carregando...
O velório de Anísio Tormena está sendo realizado no ginásio de esportes de Paraíso do Norte. Já o sepultamento está agendado para as 10h de quarta-feira (19), no cemitério do município | José Gomercindo / AENotícias
O velório de Anísio Tormena está sendo realizado no ginásio de esportes de Paraíso do Norte. Já o sepultamento está agendado para as 10h de quarta-feira (19), no cemitério do município| Foto: José Gomercindo / AENotícias

Prefeitura de Paraíso do Norte decreta luto e comércio fecha as portas

A notícia da morte de Anísio Tormena repercutiu em todo o Paraná. Em Paraíso do Norte, o prefeito Carlos Alberto Vizzotto (PT) decretou luto de três dias. Nesta terça-feira (18), todo o comércio está fechado. A prefeitura mantém somente os serviços de emergência. "Todos os estabelecimentos fecharam as portas em solidariedade à família de Tormena", diz.

O prefeito conta que recebeu a notícia por telefone, na madrugada desta terça-feira (18). "A morte de Tormena foi uma perda irreparável", comenta. "Ele era muito querido em toda a cidade e o sentimento que fica é o consternação."

Na internet, várias políticos lamentaram o fato. Um deles foi o ex-governador Roberto Requião (PMDB). Em seu perfil no microblog Twitter, ele escreveu: "Morreu meu amigo Anisio Tormena, grande sujeito. Lúcido emprendedor [sic]. Desastre de automóvel no caminho do aereoporto de Londrina".

O deputado estadual Wilson Quinteiro (PSB) também lamentou a morte de Tormena. Em um blog, a assessoria de imprensa de Quinteiro publicou que o deputado e o presidente da Alcopar eram grandes amigos e que viajaram juntos há alguns dias.

O presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, 67 anos, morreu em um acidente na madrugada desta terça-feira (18), na PR-498, na região de Maringá. O acidente aconteceu entre Floraí e Presidente Castelo Branco, quando Tormena bateu o automóvel em um barranco.

O sargento Erlan Vital Lara, da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Tamboara, acredita que o presidente da Alcopar tenha passado mal antes de colidir o carro. A suspeita é baseada no fato de que a vítima praticamente não sofreu muitos ferimentos e de que o veículo teve poucos danos. "Além disso, o filho comentou que o pai tinha problemas de saúde."

O auxiliar de perícia oficial do IML de Paranavaí, Jessé Durvalin, afirma que Tormena, pode, sim, ter passado mal antes do acidente. No entanto, a causa da morte foi uma grave hemorragia abdominal, decorrente de uma fratura na bacia que a vítima sofreu na hora do acidente.

A assessoria de imprensa da Alcopar afirma que Tormena ia para o Aeroporto Governador José Richa, em Londrina. A intenção era pegar um voo para Brasília, para uma reunião. O velório teve início na tarde desta terça-feira (18), no ginásio de esportes de Paraíso do Norte. O enterro está agendado para as 10h de quarta-feira (19), no cemitério do município.

Aglutinador e negociador

Anísio Tormena nasceu Mariópolis (SP). Ele foi para Paraíso do Norte no início dos anos 1950, para trabalhar em lavouras de café. Formado em História, começou a se envolver com a produção de alcóol em 1982, quando fundou a Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana (Coopcana), no município onde vivia.

Tormena era presidente da Alcopar desde 1999. Ele também presidia o Sindicato dos Produtores de Álcool do Paraná, o Sindicato dos Produtores de Açúcar do Paraná e o Sindicato dos Produtores de Bioenergia do Paraná. Todos esses sindicatos faziam parte da estrutura da Alcopar. Tormena era ainda diretor da Coopcana e coordenador do Fórum Nacional Bioenergético, que congrega 19 Estados produtores de álcool.

Na opinião do presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, Tormena foi um grande aglutinador. "Ele conseguiu a proeza de ser presidente de uma série de entidades, criando uma credibilidade incrível no setor sucroalcooleiro e no agronegócio estadual e nacional. No momento em que o Paraná necessita de líderes capazes de aglutinar a sociedade para objetivos concretos ao seu desenvolvimento, sua ausência provoca um vazio em toda a área empresarial paranaense".

A capacidade de conquistar a confiança de tantas pessoas também foi salientada pelo superintendente da Alcopar, Adriano da Silva Dias. "Ele foi um marco no setor. Com aquele jeito próprio dele, o Anísio conseguia contornar os conflitos, mantendo a harmonia no setor, conciliando os interesses dos mais diversos empresários e estados. Tanto que ele acumulava a coordenação do Fórum Nacional de Bioenergia há vários anos, mesmo com os estatutos dizendo que a coordenação tinha que ser revezada entre os participantes".

O bom relacionamento nos mais diversos setores também foi lembrado fora do Paraná por lideranças políticas e associações. Para o deputado federal André Vargas (PT), Tormena fará muita falta nas mesas de negociação. "Líder equilibrado, sempre colaborou para o entendimento entre os setores da produção de açúcar e álcool no Brasil", afirmou em nota para a imprensa. A União dos Produtores de Bionergia (Udop) também manifestou pesar pelo falecimento do executivo. Em comunicado colocado no site do grupo, a diretoria homenageou o presidente da Alcopar, afirmando que ele contribuiu muito para o desenvolvimento do setor.

Sonhos que se tornaram realidade

Considerado uma importante liderança no setor em nível nacional, Tormena tinha 67 anos um extenso currículo. Na década de 1980, foi prefeito de Paraíso do Norte, por um mandato. Já durante os onze anos à frente da Alcopar, criou várias empresas, como a Pasa (Paraná Operações Portuárias S.A.), sediada em Paranaguá, o primeiro terminal de embarque de açúcar a granel do Sul do País; a CPA Trading, atualmente uma das quatro maiores exportadoras de álcool do mundo, com sede em Maringá; e a Álcool do Paraná, em Paranaguá.

Atualmente, estava voltado para a viabilização do projeto do alcoolduto ligando Maringá a Paranaguá, e que já tem previsão de ficar pronto em 2014. "Anísio era um homem que tinha o poder de prever o futuro. Ele acreditava nas suas ideias e lutava para tornar seus sonhos uma realidade", ressaltou Ágide Meneguete.

Tormena deixou a mulher e quatro filhos. Em breve, a Alcopar deve realizar uma assembléia e indicar um dos vice-presidentes para assumir a entidade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]