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São Paulo – O mecânico de bicicletas Francisco das Chagas Rodrigues Brito, 41 anos, confessou ontem, durante o primeiro dia de julgamento, ter matado o adolescente Jonatham Silva Vieira, de 15 anos, em 2003, no Maranhão. Segundo informações do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado, Brito disse ter provocado a morte do garoto por asfixia. Até o interrogatório, o mecânico negava envolvimento no crime, embora admitisse outros crimes.

O advogado de Brito, Erivelton Lago, havia dito que, em encontro na semana passada, ele mantinha a versão dada no processo de que o garoto bateu a cabeça ao cair de uma árvore e morreu. O mecânico é suspeito de envolvimento no caso dos meninos emasculados do Maranhão. Teria matado 42 garotos, sendo 12 no Pará. De acordo com o TJ, ele negou, durante o interrogatório, envolvimento nas mortes ocorridas em Altamira (PA).

No depoimento de ontem, ao ser interrogado pelo juiz Márcio de Castro Brandão, Brito chorou, disse que teve uma infância sofrida e relatou ter sido abusado sexualmente aos 6 anos, de acordo com o tribunal. Sobre a morte de Jonatham, Brito disse ter sentido algo estranho. "Estava vendo o Carlito na minha frente", afirmou. Carlito é o homem que teria abusado sexualmente de Brito.

O júri começou sob forte esquema de segurança e protestos. Familiares das vítimas e representantes de entidades de direitos humanos realizaram uma manifestação em frente ao TJ para pedir a condenação do acusado. Acompanham o júri representantes de entidades como o Conselho Estadual da Criança e do Adolescente e do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. A previsão é que o julgamento dure três dias.

Em abril de 2004, a polícia encontrou duas ossadas enterradas na casa de Brito. O mecânico, então, disse ter matado outros meninos, de acordo com a polícia. Apesar de admitir os assassinatos, ele diz não lembrar do momento ou motivos dos crimes.

Brito responde a outros 22 processos na Justiça do Maranhão relativos à morte de 24 meninos entre 9 e 15 anos de idade, ocorridas entre 1991 e 2003 em São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar. Ele teria cometido mais 12 crimes em Altamira (PA). A lista de assassinatos abrange de 1989 a 1993. A negligência na investigação sobre as mortes dos meninos ao longo dos anos rendeu ao Brasil e ao estado do Maranhão um processo na Organização dos Estados Americanos (OEA). Desde abril deste ano, o governo do Maranhão paga uma pensão mensal de R$ 500 às famílias das vítimas, como parte de um acordo intermediado pela OEA.

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