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A jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, que foi mantida refém durante mais de 100 horas pelo ex-namorado em Santo André, no ABC, teve morte cerebral confirmada às 23h30 deste sábado (18), segundo informou o secretário de Saúde do município, Homero Nepomuceno Duarte.

Ainda no sábado, a neurocirurgiã Grace Mayre Lydia havia previsto que a menina "neurologicamente, nunca sairia dessa situação". Apesar disso, ela informou que a jovem "tinha sinais vitais e o coração batia". A médica disse que Eloá estava em estado gravíssimo e seguia em coma.

A família de Eloá foi informada sobre a morte cerebral da jovem logo após o diagnóstico.

Segundo a diretora do Centro Hospitalar de Santo André, Rosa Maria Aguiar, a mãe, os irmãos e outros familiares da adolescente se encontram no hospital. O pai da menina não estava no local por volta de 1h10 (já no horário de verão). "A família está sendo atendida por psicólogos do hospital, está sendo apoiada", afirmou a médica.

De acordo com Segundo Rosa, os familiares da estudante sempre tiveram fé em sua melhora. "Todo o tempo, a família tinha fé de que ela ia sair do coma. Todo mundo desabou (com a notícia)", afirmou. Perguntada sobre como se sentia diante do diagnóstico, a médica respondeu emocionada: "é frustrante".

Após a divulgação da morte cerebral de Eloá, um grupo de pessoas se reuniu em frente ao hospital e fez orações pela adolescente.

Bateria de exames

A confirmação da morte cerebral de Eloá foi feita a partir de uma série de exames, que foram repetidos com um intervalo de seis horas neste sábado. Entre eles, exames laboratoriais, para analisar a dosagem de gases diluídos no sangue da paciente, exames de reflexos neurológicos e motores, e um último, "que constatou a ausência de fluxo sanguíneo pelas artérias cerebrais", explicou Nepomoceno. "Juntos, realizados em períodos diferentes, e com o mesmo diagnóstico eles confirmam a morte cerebral".

Doação de órgãos

Por conta da ausência do pai, a junta médica ainda aguarda uma posição sobre uma possível doação de órgãos. "Vamos aguardar a posição deles sobre a doação. Como ela é menor de idade, precisa da autorização do pai e da mãe", explicou o secretário municipal de Saúde da cidade, Homero Nepomuceno. "Não podemos propor a doação antes da certeza da morte cerebral. Seria uma temeridade, com ela claramente ainda viva", ressaltou.

"Caso seja favorável, será feito o protocolo com a central de transplantes que já está aqui", explicou Nepomuceno. Caso a família opte por não fazer a doação, a jovem continuará ligada aos aparelhos até que haja um desfecho natural. "A legislação do Brasil não permite a eutanásia. Se não doar os órgãos, não pode desligar os aparelhos", disse o secretário.

Nepomuceno ressaltou que o tempo até que ocorra esse desfecho é indeterminado. "É uma questão delicada. Ela é uma paciente jovem, os órgãos estão em perfeito funcionamento, é difícil de ser avaliado. Pode durar semanas, ou mais". Ainda de acordo com o secretário, caso haja a doação é possível que a maior parte dos órgãos possa ser aproveitada. "Isso não deve ser encarado pela família como algo oportunista, e sim como um ato de solidariedade".

Nayara

Segundo os médicos, Nayara Silva, 15 anos, amiga de Eloá que também foi baleada, segue estável e sem alterações no estado de saúde. A jovem, entretanto, não sabe do estado de Eloá. "Ela não deve saber ainda hoje (madrugada deste domingo, 19). Ela está sendo poupada de qualquer informação que não seja sobre seu próprio estado", afirmou o secretário de Saúde da cidade.

Os médicos disseram à tarde que Nayara Silva "apresenta melhora progressiva". Ela foi atingida na boca e passou por uma cirurgia na noite de sexta-feira (17). De acordo com a equipe médica, o estado de saúde dela é estável e a jovem está bem fisicamente. O edema não progrediu além do esperado.

Desfecho trágico

As duas adolescentes ficaram feridas no desfecho de um seqüestro que durou mais de 100 horas. Na segunda-feira (13), por volta das 13h30, motivado por ciúmes, Lindemberg Alves, de 22 anos, antes considerado calmo pelos amigos, invadiu o apartamento da ex-namorada e chegou a manter quatro reféns.

No mesmo dia, ele libertou dois adolescentes que estavam no local para realizar um trabalho escolar de geografia. No dia seguinte, libertou a amiga da ex-namorada, Nayara. Entretanto, como parte das estratégias de negociação, ela voltou ao apartamento na manhã de quinta-feira (16).

O jovem chegou a falar em entrevistas que iria libertar também a ex-namorada, mas as negociações não avançaram. Um promotor de Justiça esteve na sexta-feira no local com um documento que dava garantia de que o seqüestrador não seria ferido ao se entregar. O advogado do rapaz disse que essa era uma de suas exigências, e havia expectativa de que ele se entregasse no começo da noite.

Quando a polícia organizava uma coletiva de imprensa para falar sobre as negociações foi ouvido um estrondo. Às 18h08, a PM afirma que policiais que estavam em um apartamento ao lado do cativeiro ouviram um tiro disparado pelo seqüestrador.

O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) explodiu a porta e deteve Lindemberg. A adolescente Nayara deixou o apartamento andando, enquanto Eloá, carregada, foi levada inconsciente para o hospital. O seqüestrador, sem ferimentos, foi levado para a delegacia e, depois, para a cadeia pública da cidade.

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