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Justiça condena 5 e inocenta 2 no caso Sundown

A Justiça Federal do Paraná condenou cinco e inocentou dois dos envolvidos no caso Sundown, suspeitos de crimes de formação de quadrinha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Na sentença, foram absolvidos das acusações Paulo Oscar Goldenstein e Karina Rozenblum Elpern (filha de Isidoro e irmã de Rolando). Os demais foram condenados por parte das acusações.

Adriana Gianello Costa de Oliveira e José Luiz Altheia, auditores fiscais da Receita Federal, foram condenados por crime de corrupção passiva. Adrina foi condenada, também, por crime de evasão de divisas. As penas são de seis e cinco anos de prisão. Eles perderam os cargos de auditores.

Os outros três acusados foram condenados por crimes de corrupção ativa. Rolando Rozenblum Elpern, recebeu pena de dez anos de prisão, Isidoro Rozenblum Trosman condenado a cinco anos e Sergio Voltolini a quatro anos de reclusão.

Os uruguaios Isidoro Rozenblum Trosman e o filho Rolando Rozenblum Elpern fugiram na madrugada de segunda-feira (2) do Hospital Santa Cruz, no bairro Batel, em Curitiba. Pai e filho, e outras oito pessoas, foram detidos em junho do ano passado na capital paranaense durante a "Operação Pôr-do-Sol" da Polícia Federal.

Os dois, que controlam direta ou indiretamente a fabricante de bicicletas e motocicletas Sundown, o Shopping Müller em Joinville (SC), a construtora Casa Construção e a distribuição de artigos para viagem e malas Ika, foram presos porque suas empresas sonegavam cerca de R$ 150 milhões em impostos. Pai e filho foram condenados, cinco meses depois da prisão, pela Justiça Federal do Paraná por crime de corrupção ativa. Rolando foi condenado a 10 anos de reclusão e Izidoro a cinco anos.

Rolando e Isidoro estavam no hospital por problemas médicos. Antes da prisão, os dois passaram por cirurgias bariátricas (redução de estômago) e na cela do Complexo Médico Penal em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, tiveram problemas médicos. A primeira internação no Hospital Santa Cruz aconteceu no dia 4 de fevereiro de 2007 e a última no dia 10 de maio deste ano, quando os dois chegaram gravemente desnutridos - perderam 14 quilos em seis meses. Eles corriam risco de morte. Rolando inclusive teve que passar por uma cirurgia de emergência e o pai apresentou quadro de isquemia cardíaca.

Fuga misteriosa

A fuga ainda é um mistério. Os dois estavam no quarto 203, no 2.º andar do hospital - que era 24 horas escoltado por dois policiais militares. Um funcionário do hospital que pediu para não ser identificado falou à reportagem que no quarto (suíte) havia uma janela - sendo este o único modo de fugir sem ser percebido pelos PMs. A hipótese cai por terra quando o funcionário relata detalhes dos pacientes e do local. "Era muito alto. Precisaria de uma escada. E mesmo assim, a janela dava acesso ao pátio do hospital, não ao lado de fora", conta. "Além disso tudo, o Izidoro tem 65 anos e está com a saúde debilitada", contou.

Izidoro foi flagrado pelas câmeras do circuito interno de segurança do Hospital Santa Cruz saindo a pé sozinho pela porta do Pronto-Socorro (PS), na avenida Batel. Não há informações sobre como o filho, Rolando, teria escapado. As imagens da câmera foram requeridas pela Polícia Militar e pela PF. Os dois policiais que faziam a escolta do quarto foram presos pela PM, que agora vai apurar uma possível responsabilidade dos policiais na fuga dos uruguaios. A assessoria da PM não informou os nomes dos policiais.

Medo de voltar para prisão

Uma outra pessoa que trabalha no hospital, e também pediu para não ter o nome revelado, disse que tinha acesso quase que diário com Rolando e Isidoro. "Eles não tinham a intenção de fugir e se quisessem poderiam ter fugido em fevereiro na primeira internação ou no período em que ficaram em prisão domiciliar. Em casa, nas primeiras semanas não tinham escolta da PM", contou. "Acho que eles fugiram porque ficaram com medo de ter de voltar para a prisão. Eles sofreram muito por causa dos problemas médicos", completa.

Numa conversa com este funcionário, Isidoro teria falado que para resolver este processo ele (empresário) iria entregar o Shopping Muller de Joinville como garantia para o pagamento de toda a dívida fiscal. "Eles queriam cumprir a pena em liberdade. Um dia me disseram que achava que era um caso de preconceito, já que eram judeus", diz. Um amigo da família disse à reportagem que o valor dos bens apreendidos pela PF é superior à dívida dos Rozenblum com a Receita Federal.

A 2.ª Vara Criminal Federal de Curitiba já expediu um pedido de prisão contra os dois uruguaios. O mandado deve ser cumprido pela PF. Entretanto, um agente que preferiu não se identificar, falou que fatalmente os dois já devem estar fora do Brasil. O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), que por meio de sua assessoria, informou que já requereu às imagens do circuito interno de segurança do hospital.

O advogado de Isidoro e Rolando, Antonio Acir Breda, foi insistentemente procurado pela reportagem, mas não respondeu aos telefonemas.

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