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No segundo dia de paralisação, policiais federais do Paraná decidiram encerrar a greve deflagrada nesta segunda-feira (26). A decisão foi tomada em assembleias realizadas simultaneamente pela classe no fim da tarde desta terça (27) em várias cidades do estado. Até as 17h45, profissionais de Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu e Paranaguá já tinha votado pela volta aos trabalhos.

Mesmo com a deliberação pelo fim da greve, os policiais decidiram que irão manter mobilizações e paralisações pelo menos até a Copa do Mundo de 2014 – que terá Curitiba como uma das cidades sede –, já que o governo não acatou o pedido de reestruturar a carreira da classe, que inclui também melhores condições de trabalho e a redução do déficit no número de agentes.

Segundo o Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef-PR), em reunião realizada na noite desta segunda junto a representados dos policiais federais o Ministério do Planejamento propôs apenas reajustar o salário da classe em 10% em janeiro do próximo ano e realizar mais um reajuste de 5% no mesmo mês de 2015. Para a classe, no entanto, isso não foi suficiente.

"O governo veio com uma esmola e não coma reestruturação, que é o que nos queremos e, por isso, vamos manter as mobilizações até a Copa de 2014 ou até quando o governo atenda nossas propostas", declarou o presidente do Sinpef-PR Fernando Augusto Vicentine.

Com a decisão, todos os profissionais paralisados nestes dois dias voltam ao trabalho normalmente na quarta-feira (28). Apesar de transtornos registrados principalmente na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, e em Londrina, que teve o serviço de emissão de passaportes é prejudicado, a superintendência da PF no Paraná informou que os trabalhos oferecidos pelo órgão não foram afetados. A PF de Foz do Iguaçu confirmou que alguns setores apresentaram diminuição no número de trabalhadores, mas também disse que não houve registro de transtornos nos serviços por conta da greve.

Segundo o Sinpef-PR, a paralisação contou com a adesão de 70% dos policiais federais em todo o estado.

Em Foz, greve compromete fiscalização aduaneira e investigações

Em Foz do Iguaçu, a fiscalização da Polícia Federal foi reduzida nas pontes internacionais com o Paraguai e Argentina. Na Ponte da Amizade, limites com o Paraguai, apenas dois policiais federais trabalhavam agora à tarde. A Força Nacional de Segurança (FNS), que já reforçava a fronteira, e a Receita Federal, garantem a segurança na aduana.

No Aeroporto, trabalham apenas agentes que não aderiram ao movimento grevista. A paralisação comprometeu a emissão de passaportes, investigações e atendimento a estrangeiros.

A diretora do Sindicato dos Policiais Federais do Paraná em Foz do Iguaçu, Bibiana Orsi, diz que a redução do efetivo nas duas pontes chega a 70%. Em assembleia agora à tarde, os grevistas aguardam as diretrizes do movimento nacional para tomar um posicionamento.

Reivindicações

O presidente do Sinpef-PR prioriza a melhoria nas condições de trabalho como objetivo a ser alcançado. "Nós queremos perguntar para a população que tipo de PF ela deseja. Uma polícia eficiente ou de faz de conta? Temos hoje uma defasagem de 3,5 mil policiais apenas nas fronteiras do Brasil. Na Ponte da Amizade, a ponte mais importante do país, temos apenas quatro policiais trabalhando em regime de plantão. Esse efetivo não dá conta nem da imigração", cita.

O dirigente não descarta a possibilidade de novas manifestações e paralisações. Ele diz, no entanto, não ser possível prever com exatidão os desdobramentos da manifestação porque quem decide sobre elas é a base da categoria. "Mas se levar em conta a insatisfação geral de todo mundo, existe possibilidade inclusive de greve por tempo indeterminado".

Governo

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério do Planejamento confirmou a proposta oferecida à classe. Quanto à reestruturação na carreira dos agentes da PF, papiloscopistas e escrivães, o órgão disse que, devido a atual conjuntura do Brasil, não é possível realizá-la, já que o ato implicaria em um impacto financeiro muito grande para os cofres públicos.

O ministério não soube precisar em valores qual seria o impacto, mas disse que, em média, a reestruturação refletiria em um aumento de, em média 45% na folha de salário de cada profissional.

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