• Carregando...

O promotor do Ministério Público do Paraná (MP-PR) Luiz Carlos Hallvass Filho recorreu nesta terça-feira (1.º) da absolvição de Cleverson Petreceli Schmitt, que foi acusado de matar o escritor Wilson Buenoem maio de 2010. Ele pedirá que o caso seja novamente julgado.

Na madrugada desta terça, o júri votou, por quatro votos a três, por absolver o réu, apesar de a maioria dos jurados ter manifestado a convicção de que Schmitt assassinou o escritor – o placar final foi de quatro a três.

De acordo com o MP, o promotor apresenta como argumento para a realização de um novo julgamento o fato de o júri ter reconhecido que o acusado foi o autor do crime, e que a única tese da defesa era a de que Schimitt não foi o responsável pelo homicídio.

Defesa

Jean Carlo da Silva, advogado do réu que atuou segunda (31) ao lado de outros dois defensores, disse que foram sustentados três pontos pela defesa: a hipótese de que Schimitt foi torturado para confessar o crime, o fato de o advogado que assinou o termo de confissão em 2010 ter sido contratado pela família de Bueno em outras ocasiões e a falta de provas técnicas que o incriminassem.

Segundo Jean Carlo, Schimitt relatou que quando foi preso em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, em junho de 2010, a polícia o submeteu a torturas físicas e psicológicas para a confissão. O advogado afirma que o acusado disse que sofreu "afogamento em um balde com água e sabão" e que ele foi deixado no frio ao longo da noite. Schmitt afirmou que não fez o pedido de perícia na época por medo de retaliações dos policiais.

Conforme o inquérito contra Cleverson Schmitt, que era garoto de programa e tinha 19 anos na época, ele matou o escritor com uma facada no pescoço por Bueno ter sustado um cheque de R$ 130 entregue ao acusado.

A investigação foi conduzida pelo Silvan Rodney Pereira, afastado da Polícia Civil no ano passado após suspeitas de tortura contra os supostos assassinos da menina Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, em junho de 2013.

O segundo ponto da defesa é que o advogado que assinou o termo de confissão do réu em 2010 já tinha sido contratado por Bueno para defende-lo em alguns casos e que o próprio defensor compareceu ao enterro do escritor, o que coloca em xeque a atuação dele na época.

Jean Carlo conta também que não há provas técnicas suficientes que liguem Schmitt ao crime. Ele defende que não foram encontradas digitais do réu no local da morte - a casa do escritor, no bairro Tingui – e nem na faca que foi usada para o assassinato. O advogado argumenta que a arma coletada pela perícia não condiz com a usada para o crime – segundo ele uma adaga, que não foi anexada às provas – além de outras inconsistências técnicas.

Perdão

A defesa considera a absolvição do acusado como um "perdão" concedido pela sociedade à Schimitt, mesmo que o júri tenha o considerado culpado pelo crime. "Foi uma atitude louvável", considera Jean Carlo.

Sobre Wilson Bueno

Wilson Bueno, que morreu aos 61 anos, era escritor e jornalista e foi autor de 13 obras, que foram publicadas no Brasil, México e Argentina. Além disso, ele foi o criador do jornal cultural Nicolau.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]