• Carregando...
Reforma na pista de pousos e decolagens do Afonso Pena: gargalo estrutural só será minimizado com obra de ampliação do aeroporto, prevista para o final de 2013 | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Reforma na pista de pousos e decolagens do Afonso Pena: gargalo estrutural só será minimizado com obra de ampliação do aeroporto, prevista para o final de 2013| Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo

Na internet

Na última semana, a Gazeta do Povo perguntou no blog de Vida e Cidadania a opinião dos usuários sobre a estrutura do Aeroporto Internacional Afonso Pena. Veja abaixo alguns relatos:

"A estrutura ainda é aquela do tempo em que o transporte aéreo era para meia dúzia de pessoas. Não se pensava num trasporte aéreo massivo como é hoje. Impossível crer que com a atual estrutura se chegue ao ideal. Talvez seja mais fácil fazer outro aeroporto na região."

Claudio Marcio Araujo da Gama

"Todas as experiências passadas em 2011 no Afonso Pena só levam a crer que chegamos no nosso limite. Com o crescimento da economia e passagens mais acessíveis para todos, o movimento cresceu sim, mas tanto o aeroporto quanto as companhias aéreas parecem que esqueceram um pouco disso, e a atenção aos passageiros está decepcionante."

Karina Trzeciak

"Dia 2 de janeiro, eu e meu filho chegamos de férias do Rio de Janeiro no Afonso Pena, às 0h45. Não tinha táxi nem ônibus. Sem contar que os bancos estavam fora do ar. Como querem receber turistas e ser sede da Copa?"

Zainara Eliane Pereira, via Facebook

Em detalhes

Veja quais são as outras obras previstas para o Afonso Pena e outros aeroportos do Paraná, como Londrina e Foz:

Afonso Pena

As obras na pista, que têm fechado o aeroporto durante a madrugada e parte do fim de semana, seguem até junho deste ano. Também estão em andamento as ampliações do pátio de aeronaves, com nove novas posições para estacionamento, e do terminal de cargas, cujo espaço será aumentado em 5 mil metros quadrados – essas duas obras estão previstas para serem concluídas ainda no primeiro semestre deste ano. E, no início de 2013, deve ser finalizada a instalação de um sistema de luzes de aproximação em uma das cabeceiras da pista.

Movimento em 2011 6,9

milhões de passageiros.

Londrina

A pista do aeroporto também passa por recapeamento e implantação de grooving, para melhorar o escoamento de água e a aderência. A previsão é que as obras sigam até março. Segundo a Infraero, estão sendo projetadas novas salas de embarque e desembarque, incluindo novas esteiras, sanitários, canais de inspeção e outros equipamentos operacionais. Não há prazo, porém, para as novas estruturas começarem a ser construídas.

Movimento em 2011

961,9 mil passageiros.

Foz do Iguaçu

A obra de ampliação do terminal de passageiros está na fase final do processo de licitação. A previsão é que ela inicie ainda em fevereiro. Assim, o aeroporto poderá atender até 4 milhões de passageiros por ano, ampliando sua capacidade em 1,3 milhão de viajantes.

Movimento em 2011

1,6 milhão de passageiros.

O Aeroporto Internacional Afon­so Pena, em São José dos Pinhais, registrou em 2011 a maior evolução anual no número de passageiros dos últimos nove anos. Em relação a 2010, o aumento chegou a 20% – foram 6,9 milhões de usuários atendidos, 1,2 milhão a mais do que no ano anterior. A evolução, apesar de comemorada por companhias aéreas e agências de viagens, preocupa por causa do gargalo estrutural comum aos maiores aeroportos brasileiros: caso o ritmo de crescimento se mantenha, já em 2012 o número de passageiros deve ser superior à capacidade do Afonso Pena, de 7,8 milhões de usuários ao ano.

Estudo divulgado no ano passado pelo Instituto de Pesquisa Eco­nômica Aplicada (Ipea) mostrou que, em 2010, 14 dos 20 principais aeroportos brasileiros operavam em "situação crítica", com uma taxa de ocupação acima de 100%. O Afonso Pena, apesar de não fazer parte do grupo, foi enquadrado como em "situação preocupante". A ampliação do terminal de passageiros, que deve dobrar a capacidade do aeroporto, ainda depende da conclusão do projeto executivo e deve ficar pronta somente às vésperas da Copa do Mundo de 2014. Até lá, segundo empresários e especialistas ligados ao setor, transtornos serão inevitáveis.

"Em momentos de pico, o Afonso Pena vira um inferno", desabafa o empresário e integrante do grupo de trabalho Pró-Aeroportos do Paraná, Valmor Weiss. "E o pior é que o que vemos hoje no aeroporto são intervenções menores visando à Copa, mas, quanto à nova pista, está tudo parado. E sem ela continuaremos com um aeroporto regional que é uma insignificância."

O rápido crescimento no movimento de passageiros, segundo especialistas, traz ainda outro risco: o de que as obras de ampliação dos aeroportos brasileiros para a Copa sejam inauguradas já defasadas. Conforme previsão do Ipea, dos 13 aeroportos com investimentos previstos para o evento, dez estarão operando em 2014 acima das suas capacidades, mesmo com as obras concluídas – incluindo o Afonso Pena.

"Do ponto de vista operacional, a Infraero está tomando as providências para a Copa. Mas, quando as obras ficarem prontas, o Afonso Pena vai estar no limite novamente, afirma o coordenador do Conselho Temático de In­­fra­­estrutura da Federação das In­­dústrias do Paraná, Paulo Ceschin.

Capacidade revisada

No ano passado, a capacidade anunciada do Afonso Pena era ainda menor do que a informada atualmente. O aumento de 6 milhões para 7,8 milhões de passageiros ao ano, que hoje coloca o aeroporto em uma posição mais "confortável" e contesta o estudo do Ipea, ocorreu não devido às obras de ampliação, mas, segundo a Infraero, após um novo estudo, "baseado em processadores operacionais para um determinado nível de facilidade e conforto".

O superintendente do Afonso Pena, Antônio Pallu, defende que mesmo a evolução prevista para os próximos anos não deve prejudicar o serviço no aeroporto. De acordo com Pallu, mesmo nos horários de pico a capacidade não é esgotada, e ainda há vários horários com baixa movimentação.

Investimentos em 2011 foram de R$ 1,1 bilhão

Ainda no ano passado, o governo federal assegurou à Infraero R$ 5,6 bilhões para serem investidos entre 2011 e 2014 nos 13 aeroportos localizados nas imediações de cidades-sede da Copa do Mundo. O montante, equivalente a R$ 1,4 bilhão ao ano, é três vezes maior do que a média anual investida em todos os terminais de 2003 a 2010.

Entidades e consultorias, po­­rém, divergem quanto à previsão dos recursos necessários para adequar os aeroportos à demanda cres­­cente. Estudo da Fundação Dom Cabral, por exemplo, defende um aporte de R$ 4,3 bilhões por ano até 2016 so­­men­­te para duplicar a capacidade dos seis maiores aeroportos do país. Já a Infraero afirma que os in­­ves­­timentos têm aumentado e devem ser ainda maiores nos próximos três anos. De fato, em 2011, os aeroportos receberam um aporte recorde de R$ 1,1 bilhão – valor 77,5% maior do que o repassado em 2010, quando foram executados R$ 645 milhões. Mesmo assim, 24% do orçamento previsto para o ano passado deixou de ser utilizado.

Dos R$ 1,1 bilhão, R$ 845,4 mi­­lhões foram investidos em obras e serviços de engenharia e R$ 299,6 milhões destinaram-se à compra de equipamentos, móveis, utensílios e terrenos. Os investimentos partiram de recursos próprios da In­­fraero (40%) e da arrecadação do Ataero (60%) – adicional tarifário que incide sobre taxas de embarque, pouso e permanência e deve ser, segundo a lei, destinado para melhorias da infraestrutura aeroportuária do país.

Obra

Ampliação do terminal ainda sem projeto

A obra de ampliação do terminal de passageiros do Afonso Pena deve aumentar em 17 mil metros quadrados a área total da estrutura, passando dos atuais 45 mil para 62 mil metros quadrados. Segundo esboços apresentados pela Infraero no ano passado, o aeroporto passará a contar com 64 balcões de check-in e sete esteiras de bagagem – hoje, são 30 balcões e quatro esteiras. A capacidade do aeroporto, que hoje é de 7,8 milhões de passageiros, passará para 14,6 milhões.

A Infraero, porém, ainda aguarda a conclusão do projeto básico e executivo da obra, sob responsabilidade da Beck de Souza Engenharia Ltda. A previsão, conforme a última atualização do documento Matriz de Responsabilidade da Copa de 2014, é que os serviços iniciem em abril deste ano e sigam até dezembro de 2013. No total, projeto e obras devem custar R$ 41,3 milhões.

Já a ampliação do estacionamento do aeroporto – uma das principais reivindicações dos passageiros que passam pelo local – está quase pronta. Aguarda apenas a instalação do sistema informatizado de gerenciamento e controle de acesso dos veículos. Segundo a Infraero, até o momento foram liberadas 429 novas vagas para uso, totalizando 1.109 vagas. Após as últimas adequações, o estacionamento passará a ter espaço para 2.202 veículos.

* * * * *

Interatividade

Como você avalia a estrutura do Aeroporto Afonso Pena?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]