• Carregando...

Em 1975, um namoro reprovado pelo pai fez Eva fugir de casa, em Ibema, no Oeste do Paraná. Aos 17 anos, mudou-se para o estado de Mato Grosso, casou e teve uma filha, mas dois anos depois perdeu o marido assassinado. Passados 12 anos, voltou ao Paraná em busca da família. Foi quando começou um drama ainda maior. Ao tentar localizar os pais, ela se perdeu da filha, Ivonéia, que ficara com a avó em Mato Grosso. O primeiro contato com um parente, uma irmã, só se daria 22 anos depois da fuga, em 2007. A filha, a dona de casa Eva Aparecida da Silva, hoje com 50 anos, só reencontraria em 2008, após mais de uma década de procura.

O reencontro com a irmã Carolina aconteceu em 31 de janeiro de 2007, uma das poucas datas de que se recorda. Um distanciamento de 24 anos, iniciado quando Eva fugiu com o companheiro para o Mato Grosso, onde teve a filha, em 1981. Dois anos depois do nascimento de Ivonéia, Eva perdeu o marido, assassinado. "Foi muito sofrimento naquela época, não sabia o que fazer", conta. Ficou por quatro anos no estado, na cidade de São José do Rio Claro, até que decidiu voltar ao Paraná à procura dos pais e dos cinco irmãos que havia deixado. Em 1987, Eva deixou a filha aos cuidados da sogra e retornou a Ibema.

Ao chegar, descobriu que toda a família havia se mudado para o Paraguai, para tentar vida melhor. "Fiquei sem saber o que fazer. Tinha medo de viajar sozinha para outro país. Acabei não indo, por medo", conta. Após um tempo, voltou ao Mato Grosso, quando teve uma surpresa. A sogra havia mudado de endereço e levado Ivonéia. Eva não sabia agora onde a filha estava. "Quando viajei, não tinha residência fixa, por isso ela não tinha como entrar em contato comigo", explica. "Fiquei sem rumo. Estava preocupada com minha filha e não sabia como procurá-la." Sem nenhum contato no Mato Grosso, mudou-se definitivamente para o Paraná.

Em Ibema esteve sempre sozinha, "vivendo como podia". Trabalhou no Norte Pioneiro, cuidando de pessoas idosas e em restaurantes. "Eu me sentia muito sozinha. Ficava em meio às pessoas e sentia a pior solidão do mundo." Mas a vida começou a mudar quando, em 1998, conheceu o atual marido, com quem vive em Santo Antônio da Platina. Após mais de 15 anos de procura, a enteada Édna Batistella Lopes passou a ajudá-la nas buscas pelos familiares e, em 2007, localizaram Carolina, em Palmitópolis (PR). "Ela veio me visitar, fiquei espantada. A última vez que a vi, ela tinha 4 anos. Agora era uma mulher e tinha até um filho", comenta.

Irmãos

O reencontro com a irmã ajudou Eva a contatar os outros irmãos. Três moravam no Paraná e dois deles fizeram a vida no Paraguai, para onde Eva viajou, agora sem medo. Os pais haviam morrido fazia 10 anos, o que a deixou ressentida. "Sinto muita falta deles, sei que não fui uma boa filha", diz. "Mas não posso ficar me culpando, isso não é saudável." Faltava ainda rever a filha. O reencontro não tardou e, 11 anos depois da separação, Eva viajou ano passado ao Mato Grosso, onde pôde rever a filha e conhecer os três netos. "Foi muito emocionante."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]