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Repressão ou permissividade? Ainda é grande a discussão sobre qual é a melhor maneira de conviver ou enfrentar o problema das drogas. Da Suíça vem um modelo polêmico, em que o usuário pode até testar a droga que usa. Tudo pago pelo governo.

Doze milhões de europeus admitem já ter feito uso de cocaína em algum momento da vida. Isso significa que 4% dos adultos na Europa, com idade entre 15 e 64 anos, já tiveram contato com a droga. Além disso, 1,5 milhão afirmam fazer uso contínuo. São na maioria pessoas do sexo masculino, jovens das cidades grandes.

Outros 11 milhões confessam já ter ingerido anfetamina e 9,5 milhões ecstasy. A cocaína ainda não chega nem perto da popular marijuana. Estima-se que 23% da população adulta da Europa, 71 milhões de pessoas, já tenha dado um trago num cigarro de maconha. Quatro milhões a usam diariamente. E segundo o Relatório Anual do European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction, em 2008, as plantações caseiras da erva se alastravam.

O uso da anfetamina e ecstasy também vem crescendo entre os jovens do leste europeu. Além de grandes consumidores, países dessa região, como Estônia e República Tcheca, se tornaram fornecedores das pílulas para seus vizinhos. A Europa ainda é considerada a maior produtora mundial de drogas sintéticas.

Os opioides (substâncias derivadas do ópio, entre elas a heroína e sintéticos) são os principais responsáveis por mortes. 80% das overdoses fatais são causadas pelo seu uso.

Entretanto, vários países europeus têm uma postura bem mais tolerante e aberta em relação às drogas. Na Holanda, o consumo é permitido nas lojas especializadas e com o aval do governo.

A Suíça tem um histórico antigo em relação ao tratamento da questão. No passado, ficou famoso o needle park (parque das agulhas), uma praça pública bem no centro de Zurique onde viciados e usuários podiam se picar livremente. Mas a liberdade demasiada começou a fugir do controle e se tornar agressiva aos olhos daqueles que eram contra o uso de entorpecentes.

Hoje a droga não é um problema tão grave no país, ou, pelo menos, não é mais tão visível. O consumo é mais para o que se chama de recreational use, ou seja, 90% dos usuários não têm transtornos sociais, mas usam narcóticos para relaxar, ter mais pique durante o trabalho ou simplesmente curtir a balada. Por essa razão, é durante a noite que as drogas são mais consumidas.

Apesar desses dados darem ao tema um lado menos preocupante, desde a década de 90, existe na Suíça a Lei dos Quatro Pilares: prevenção, terapia, diminuição dos riscos e repressão. Em 1990, os suíços foram às urnas e vetaram que houvesse repressão ainda maior aos usuários. Atualmente, quem consome droga no país não vai para a prisão. Se pego pela polícia com substâncias ilegais, o cidadão paga uma multa, de cerca de R$ 500. Traficantes, obviamente, recebem um tratamento completamente diferente.

Dentro do pilar diminuição de riscos, o governo criou um programa de suprimento de metadona e em alguns casos buprenorfina, substitutos para a heroína, para viciados na droga. Segundo os responsáveis pelo programa, apesar da metadona também induzir ao vício, o número de mortes por overdose foi reduzido e diminuiu o número de pessoas infectadas pelo vírus HIV, que antes utilizavam seringas contaminadas. A metadona é ingerida via oral.

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