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Grupo de  estudantes de Arquitetura fez projeto de revitalização da Praça Afonso Botelho: integração com o estádio do Atlético através de rampas | Valterci Santos/ Gazeta do Povo
Grupo de estudantes de Arquitetura fez projeto de revitalização da Praça Afonso Botelho: integração com o estádio do Atlético através de rampas| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo

Acesso ao estádio precisa melhorar

O trânsito nas ruas que dão acesso à Arena da Baixada deve ser o principal desafio nos dias dos jogos do Mundial. Este deverá ser o maior impacto na região, segundo a avaliação do arquiteto e urbanista Carlos Hardt. Para o especialista, o ponto crucial estará no desvio do grande fluxo de veículos existente na Avenida Presidente Getúlio Vargas. Além do bloqueio de algumas ruas, a prefeitura precisará se preocupar com a implantação de novas linhas de ônibus e aumentar o número de veículos disponíveis para a população.

O urbanista Clóvis Ultramari avalia que será necessário aumentar o número de ônibus nas ruas para atender a demanda do público. "É preciso operacionalizar uma estrutura que já existe. Todas as estruturas devem ser pensadas em escalas de pico", considera. Ele lembra que as paradas de ônibus deveriam estar a aproximadamente 500 metros do estádio para ser considerada uma distância confortável.

A sugestão dada por seis estudantes de Arquitetura da PUC-PR é que Curitiba agregue ao sistema de transporte ônibus elétricos já usados em Shangai, na China – veículos que também poderiam ser utilizados depois da Copa. "Desta forma, Curitiba pode se firmar ainda mais como uma cidade ecológica e modelo em transporte", considera o universitário Gilberto Baroni Junior. Dentre outras ideias do sexteto que influiriam no trânsito da região estão o aumento do fluxo de veículos na Rua Petit Carneiro e a implantação de calçadões com acesso restrito de veículos nas quadras das ruas Pasteur e Buenos Aires compreendidas entre a Getúlio e a Iguaçu.

Calçadas

O casal Wilson Rogério e Vera Regina de Lima reclama da iluminação e do calçamento da região em volta da Baixada. "As calçadas precisam ser urgentemente melhoradas. Falta acessibilidade e segurança", Diz Wilson. Para Ultramari, os cuidados com as calçadas devem ser redobrados. "É uma questão de segurança que precisa ser pensada para os dias comuns e para os jogos da Copa. Os padrões de qualidade não mudam. São os mesmos para uma ou cem pessoas", afirma o especialista.

A reforma das calçadas pode ser complementada com alterações no paisagismo. O arquiteto Gustavo Pinto acredita que isso pode ser uma diferença para a Copa. "O paisagismo pode ser uma referência para enriquecer a qualidade urbana, qualificando elementos de referência para as pessoas", considera. "A qualidade não está só no espaço físico. A qualidade depende da atitude de cada um para que aproveitem o espaço com cidadania", acrescenta.

Marketing

Jogos são vitrine para o turismo

Os jogos da Copa do Mundo de 2014 devem servir como vitrine para o turismo de Curitiba. Por esse motivo, a cidade não deve se preocupar apenas com os dias do Mundial. Deve se preparar para receber mais turistas futuramente, reforçando suas características e melhorando sua estrutura hoteleira e de comunicação. "Curitiba tem um apelo internacional muito grande que precisa ser abastecido constantemente. Não pode ser fomentado só com marketing", considera o urbanista Clóvis Ultramari.

Já o arquiteto Carlos Hardt recomenda que Curitiba precisa se reforçar como cidade limpa e organizada. "Hoje, Curitiba é bastante conhecida no Brasil e no exterior como uma cidade que valoriza os espaços verdes e o transporte. Urbanisticamente, deve-se manter isso", diz Hardt. É a linha que a prefeitura deve seguir. "Curitiba vai seguir a linha de como já é vista mundialmente. Uma cidade sustentável do ponto de vista ambiental e planejada do ponto de vista urbanístico", afirma o gestor de Curitiba para a Copa, Luiz de Carvalho.

Enquanto as discussões sobre as mudanças que Curitiba enfrentará para receber jogos da Copa do Mundo de 2014 concentram-se na execução – ou não – das obras do metrô, a região da cidade que sediará as partidas de futebol continua na expectativa do que está por vir. Nos quarteirões vizinhos da Arena da Baixada, nos bairros Água Verde e Rebouças, moradores e comerciantes aguardam ansiosos pelas mudanças. Ao mesmo tempo que veem a Praça Afonso Botelho em processo de degradação e sentem a insegurança aumentar, eles já esperam a valorização dos imóveis devido as futuras melhorias. "O entorno da Arena com certeza passará por modificações. A transformação maior será nesta região", afirma o gestor de Curitiba para a Copa, Luiz de Carvalho.Sem um projeto urbanístico definitivo para ser executado pela prefeitura, a Gazeta do Povo ouviu opiniões de especialistas, moradores e universitários para traçar quais as principais carências da região e os cuidados a serem tomados na execução das obras. Além da conclusão do estádio e da construção de um estacionamento, são necessárias mudanças no calçamento, iluminação e revitalização das ruas e da praça com o intuito de melhorar a acessibilidade à Arena. A mobilidade no entorno do estádio (principalmente nos dias de jogo) também é vista como uma preocupação pelos especialistas – problema que pode ser contornado com o rearranjo do tráfego de veículos e a melhoria da operacionalização do transporte coletivo.As propostas apresentadas, há cerca de um ano, pelo Institu­to de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) à Fe­­de­ração Internacional de Fu­­tebol (Fifa) já passaram por algumas alterações de acordo com ponderações e orientações dadas pela instituição esportiva. Os detalhes finais do projeto só serão discutidos depois que a Fifa apresentar o parecer final. De acordo com Carvalho, a federação deve se manifestar até 15 de fevereiro. Técnicos do Ippuc não devem se pronunciar antes dessa data. O começo das obras na cidade está previsto para março deste ano. "Nossa vantagem é que não vamos precisar iniciar uma obra do zero", afirma Carvalho.Especialistas defendem que quaisquer obras que entrem nos planos da cidade tenham a preocupação com o legado que ficará para a população e para o município após o evento esportivo. O impacto de curto prazo provocado pelos jogos da Copa deve se refletir em benefício posterior aos moradores da região e aos frequentadores do estádio. "Sobre­tudo porque vai dinheiro público nisso", explica o urbanista Clóvis Ultramari, professor de Gestão Urbana da Pontifícia Univer­sidade Católica do Paraná (PUCPR). "É preciso melhorar a qualidade para que o cidadão use o espaço público. Não pode pensar só para o evento", pondera o arquiteto Gus­tavo Pinto, presidente da As­­sociação Brasileira dos Es­­cri­tórios de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR).

Praça abandonada

A Praça Afonso Botelho é um dos espaços que deve mudar muito nos próximos quatro anos. Hoje o local parece abandonado, com calçadas destruídas, canteiros mal cuidados, grades arrombadas e pichações. "Espero que melhorem a praça e coloquem banheiros públicos que funcionem", afirma o comerciante Antonio Peres. "Precisa melhorar tudo. Até com relação à segurança. Temos tido problema com consumo de drogas dentro e fora da praça", conta a auxiliar administrativa Ana Maria Pereira Moço. Os jovens que frequentam a pista de skate do local temem que as reformas eliminem o equipamento, um dos poucos públicos da cidade.

Com base em um projeto sul-coreano, um grupo de seis estudantes de Arquitetura da PUC-PR sugere que a praça seja integrada ao estádio através de rampas com leve inclinação que possam ser usadas diariamente pelos frequentadores do local. "Todas essas mudanças têm de ser absorvidas pela comunidade para que as pessoas estejam envolvidas com o que está sendo feito", afirma Rodolfo Parolin Hardy, um dos integrantes do sexteto. "A praça será modernizada e não terá estacionamento", adianta Carvalho.

O estacionamento, de acordo com propostas apresentadas, deverá ser construído en­­tre as ruas Buenos Aires, Coronel Dulcídio e Brasílio Iti­berê. Contudo, ainda não se sabe quantos imóveis terão de ser desapropriados para a execução das obras. "Ainda está em discussão com o clube [Atlético]. Estamos avaliando as questões legais", explica Carvalho. A conversa com os moradores da região deve acontecer ainda neste ano e as negociações não deverão ser fáceis. "Eu não gostaria de sair. A não ser que a prefeitura desaproprie", afirma um morador da Buenos Aires que se identificou apenas como Mário.

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