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Decisões da Justiça que anularam provas obtidas em operações policiais tiveram como base uma decisão proferida no ano passado pela Sexta Turma do STJ
Decisões da Justiça que anularam provas obtidas em operações policiais tiveram como base uma decisão proferida no ano passado pela Sexta Turma do STJ| Foto: SESP/PCPR/PMPR

Novos entendimentos de ministros do STF e do STJ, que anularam provas de crimes de tráfico e devolveram às ruas criminosos condenados, alguns deles líderes de facções, tendem a enfraquecer e até acabar com as abordagens policiais. O alerta é de Fabrício Rebelo, pesquisador em segurança pública e fundador do Centro de Pesquisa em Direito e Segurança (Cepedes).

Uma série de decisões da Justiça que têm invalidado apreensões de drogas e outros ilícitos – e, como consequência, anulado condenações –, tem como base uma decisão proferida no ano passado pela Sexta Turma do STJ, que criou restrições para as abordagens policiais sob a justificativa de coibir o “racismo estrutural”. De lá para cá, condenados especialmente por tráfico de drogas, têm conseguido anular provas de seus crimes e serem inocentados.

“Inicialmente alguns começaram a entender que se o indivíduo fica nervoso [ao se deparar com a presença policial], ou tenta se desvencilhar da guarnição, não é considerado mais fundada suspeita. Aí se estendeu que se ele correr também não é. Se ele fugir e se abrigar numa casa, ainda assim não há fundada suspeita”, explicou Rebelo, em entrevista para a Gazeta do Povo.

“Então se começou a invalidar praticamente tudo o que o policial usa ou sempre usou como fundada suspeita para uma abordagem. Esse sequenciamento de novos entendimentos em relação à fundada suspeita vêm fragilizando enormemente a atuação policial”, declara o pesquisador. “Caso isso prossiga, futuramente não teremos mais nenhuma situação que seja compreendida como válida para autorizar uma abordagem”, aponta.

A nova forma que a Justiça tem enxergado a legalidade das abordagens policiais também vem alcançando as que são feitas em veículos suspeitos e pode inibir um dos recursos mais efetivos das forças policiais para identificar grandes quantidades de drogas, além de armas de fogo e demais objetos contrabandeados.

No final de maio, a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo celebrou a segunda maior apreensão de drogas da história da corporação – foram 12 toneladas de entorpecentes retirados de circulação. Seguindo estritamente o novo entendimento, entretanto, tal apreensão não seria possível: foi justamente o comportamento suspeito do motorista ao se deparar com a viatura que originou a desconfiança dos policiais e, por fim, culminou na abordagem.

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