A exploração e turismo sexual de crianças e adolescentes cresce em uma proporção que as políticas públicas ainda não são capazes de combater e prevenir. Somente 39% das prefeituras têm alguma ação nessa área, mas o problema se mostra presente em quase todos os municípios brasileiros. Faltam levantamentos precisos em função da rede de ilegalidade em que a exploração está inserida, mas há pistas de que o número de crianças com direitos violados é grande. Levantamento da Polícia Rodoviária Federal mostra que há 1.820 pontos de exploração nas rodovias brasileiras. O Disque 100, serviço do governo federal para denúncias deste tipo de crime, recebeu em 2010 quase 20 mil ligações.
Para trabalhar com o público vítima de violência sexual, é necessário preparo. Por vezes, tanto os profissionais quanto a própria sociedade ainda têm uma visão estigmatizada dos explorados, o que contribui para a marginalização deles. "A exploração requer uma intervenção especializada, porque é algo multifatorial. É preciso atendimento psicossocial e jurídico, reinserção familiar e geração de renda", diz a socióloga Graça Gadelha, especialista em violência sexual contra crianças e jovens.
A falta de políticas em municípios pequenos pode dar a falsa impressão de que a exploração sexual não é uma realidade nesses locais, o que pesquisas desmentem. "Falta visibilidade, mas a violação existe." Segundo Graça, há relatos tanto de exploração quanto de tráfico de seres humanos nas regiões com menos adensamento populacional. Ela explica que a violência também prospera onde faltam políticas de lazer e cultura. Na pesquisa do IBGE, os gestores mostram pouca preocupação com esses setores.
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