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Chacina do Uberaba, com oito mortes, foi o crime de maior impacto em outubro | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Chacina do Uberaba, com oito mortes, foi o crime de maior impacto em outubro| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Análise

Curitiba se equipara a SP e RJ

O índice de violência em Curitiba e região metropolitana já pode ser equiparado com o de grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, segundo o advogado Dálio Zippin Filho, integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Penitenciário do Paraná. "A taxa de mortalidade é muito grande para a capital de um estado que se gaba pela qualidade na segurança pública", afirma.

Zippin diz que as mortes estão relacionadas a três fatores principais: o crack, o álcool e a falta de policiamento na cidade. "A junção desses elementos faz com que nenhuma região esteja imune ao crime", declara. Segundo o especialista, o aumento da criminalidade também na RMC se dá em razão da falta de estrutura.

Em resposta ao levantamento realizado pela Gazeta do Povo, a Secretaria de Estado da Segurança Pública enviou uma nota alegando que a média diária de homicídios dolosos em Curitiba no primei­ro semestre de 2009 é 4% me­­nor do que em 2000. No mesmo período, a população da capital teria aumentado 15%. A nota ainda afirma que a taxa de assassinatos para cada 100 mil habitantes em 2008 foi 16% menor, se comparada com a taxa de oito anos atrás. (AR)

O mês de outubro foi o mais violento do ano em Curitiba e região metropolitana (RMC), considerando o número de mortes causadas por ferimentos com arma de fogo. Nesse período, foram registrados 145 óbitos deste tipo. O índice mais alto de violência até então havia sido constatado em janeiro, quando 135 mortes ocorreram.

O levantamento se baseou nos dados dos relatórios divulgados pelo Instituto Médico Legal (IML), do dia 1.º até o dia 31, e excluiu as mortes ocasionadas por acidente de trânsito ou suicídio. Os documentos não especificam se os crimes fatais estão relacionados com homicídios – dolosos (com intenção de matar) ou culposos (sem intenção) – ou latrocínios (roubo seguido de morte).

Além desse tipo de crime fatal, em outubro 11 óbitos foram causados por agressão física e outros 9 por ferimentos com arma branca. Ao todo, são 165 mortes violentas, pouco mais de 5 por dia. Em setembro, foram 141 mortes: 117 por ferimentos com arma de fogo, 13 por agressão física e 11 por ferimentos com arma branca. Em comparação com o mês de outubro de 2008 – em que 108 crimes fatais foram registrados –, houve aumento de 53% na quantidade de ocorrências.

Nos dez primeiros meses do ano passado, foram registrados 1.191 óbitos. Em 2009, no mesmo período, foram 1.364 mortes violentas – um aumento de 14,5% em relação a 2008 e uma média anual de 4,5 crimes fatais por dia.

Local dos crimes

Em outubro, 54% dos corpos que deram entrada no IML vieram da capital. Os 46% restantes tiveram origem na RMC. São José dos Pinhais foi o município da região metropolitana em que ocorreram mais crimes fatais: 19 no total. Um desses homicídios, no dia 2 de outubro, foi contra uma mulher grávida que, depois de ser baleada em uma estrada da região, foi abandonada morta em frente a uma maternidade.

Outras 12 cidades da RMC registraram óbitos: Colombo (14), Almirante Tamandaré (9), Araucária (6), Campo Largo (6), Pinhais (6), Rio Branco do Sul (4), Fazenda Rio Grande (3), Piraquara (3), Campina Grande do Sul (2), Campo Magro (2), Lapa (1) e Quatro Barras (1).

Fins de semana

Cerca de 6 em cada 10 mortes registradas no último mês ocorreram nos fins de semana, considerados pelo IML como o período de 72 horas entre 8 horas das sextas-feiras e 8 horas das segundas-feiras. Em um dos sábados do mês, no dia 3 de outubro, um dos crimes mais violentos do ano assustou a população. Uma chacina nas vilas União e Icaraí, no bairro Uberaba, deixou 8 pessoas mortas e 2 feridas. Segundo a polícia, os homicídios foram motivados pelo assassinato do "afilhado" de um dos traficantes que participou da chacina.

De acordo com o IML, 23 mortes violentas já ocorreram nos quatro primeiros dias do mês de novembro. Entre elas, 4 foram ocasionadas por ferimentos com arma branca e 19 por ferimentos com arma de fogo. Em um dos casos, um homem de 26 anos acabou matando um garçom de um bar no bairro Batel, em Curitiba, depois de uma discussão por causa de uma garrafa de cerveja. Em novembro de 2008, foram registrados na capital e região 143 óbitos.

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