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O ex-comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar de Londrina, tenente-coronel Luiz Carlos Menezes Deliberador, afastado do cargo por determinação da Secretaria de Segurança Pública (SSP), disse que acredita na inocência dos policiais militares acusados de corrupção e participação na rede do jogo clandestino de Londrina.

O ex-chefe do Serviço Reservado (P2) da PM em Londrina, Diogo Andrade Ferreira dos Santos, hoje lotado em Guarapuava, e mais dois policiais da reserva são acusados pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) de repassar aos líderes do esquema informações privilegiadas sobre operações de combate ao jogo ilegal. O ex-comandante ainda isentou o irmão, o advogado Garibaldi Menezes Deliberador, também denunciado pela PIC, de qualquer envolvimento no esquema.

Em entrevista ao JL no hall do prédio onde mora, no centro da cidade, Deliberador afirmou ainda que se sente injustiçado. "Eu me sinto dessa forma. Mas vamos aguardar, eu sinto que não merecia essa situação." O ex-comandante foi comunicado do afastamento por telefone, quarta-feira passada, e aguarda uma definição sobre seu futuro na corporação.

Aos 49 anos, viu subitamente abortada sua meta de reduzir os índices de criminalidade da cidade onde nasceu. Uma visita ao advogado José Ricardo Pinto, até então preso no Centro de Detenção e Ressocialização (CDR), há dez dias, lhe custou o emprego. "Não pensei que essa visita seria tão grave assim", confessou. Pinto, que hoje se encontra em prisão domiciliar, é apontado, conforme investigação da PIC, como um dos controladores do jogo ilegal da cidade.

O tenente-coronel assegura que sua visita se restringiu a um inofensivo cumprimento. "Não tive conversa alguma com ele", garantiu. "Fui acompanhar meu irmão, que é advogado do acusado", prosseguiu. Deliberador justificou sua ida ao CDR a um suposto problema de falta de água na unidade. "O cliente do meu irmão disse que estaria faltando água no local. Meu irmão pediu para apresentar o diretor do CDR, que conheço da PM", relatou.

Na segunda-feira (10/9), o ex-comandante esteve na sede do batalhão, acompanhado de familiares amigos, para se despedir dos oficiais.

"Não me arrependo de nada do que fiz, não estava errado"

Hoje, analisando sua conduta, o senhor acha que errou ao fazer a visita a José Ricardo Pinto no CDR? Estou com a consciência tranqüila. Não vejo por esse lado, estava à paisana e a visita foi dele (irmão). Não me arrependo de nada do que fiz, não estava errado, na minha concepção.

Como o senhor avalia as denúncias da PIC de envolvimento de policiais para supostamente proteger os jogos ilegais, incluindo o ex-chefe da P2? Li o processo todo. Tem policial da reserva, que trabalha de segurança, como a maioria dos policiais faz. Acredito que não tenha nada de compra de policiais ou corrupção. Tem o caso do tenente Diogo (ex-chefe da P2), que acabou pegando um apartamento sem pagar aluguel, só pagando condomínio, que o pai do rapaz (José Ricardo Pinto) preso ofereceu para ele. Mas também acredito que ele (Diogo) não estava trocando informação. Sempre trabalhou certo. Foi quem mais apreendeu caça-níqueis na cidade. Se tivesse feito algum acordo, não estaria fazendo essas apreensões.

Eles são inocentes então? Vamos ver o decorrer do processo, por enquanto alguns foram indiciados. No caso do meu irmão, ele vai provar que não vive do jogo do bicho e sim do dinheiro dele.

O seu irmão, Garibaldi Deliberador, também é investigado no esquema dos caça-níqueis. O senhor nunca soube de qualquer relação dele com o esquema?Ele advoga para eles. E nós já conhecemos esse pessoal de ouvir falar desde a época do Jaci Scaff, em 81, 82 e 83, o pessoal do jogo do bicho. Meu irmão sempre exerceu a advocacia e nunca ganhou dinheiro fora dos honorários.

O senhor é amigo do José Ricardo Pinto, apontado pela PIC como um dos líderes do esquema?O José Ricardo eu conheço do futebol, jogava com ele na OAB, de 85 a 87. Só esse contato, nada mais.

O senhor acha que existiria outra explicação para seu afastamento, tirando a visita ao CDR?Não sei se teve outra motivação, até política. Eu sei que foi solicitado para eu entregar o comando e aguardar. Como o secretário disse na televisão (Luiz Fernando Delazari), foi porque eu fiz essa visita.

A secretaria anunciou abertura de procedimento para investigar sua visita ao CDR. O senhor está preparado para enfrentar esse processo? Não fui informado desse processo. Estou tranqüilo, falando com você sobre atividades esportivas que tive com ele, e não tenho nada a esconder. Não estou me preparando. Meu irmão também não tem nada a ver. Ele nunca foi processado ou denunciado.

O que acha dessa rotatividade no comando do 5º BPM?Fica difícil a continuidade, até os próprios policiais ficam inseguros quando muda o comando.

Essa falta de entendimento pode ter reflexo na incidência de crimes na cidade?Na verdade, existe um corte do trabalho, existe um desânimo, e pode cair rendimento de policiais. E tudo isso pode refletir sim na sociedade de Londrina.

Quando assumiu, o senhor disse que tinha como meta reduzir os índices de criminalidade da cidade. Que sua identidade com Londrina seria sua maior arma. O senhor se sente frustrado?Tenho muitas amizades e recebi bastante informação. Resolvemos muitos crimes. Tudo isso não foi por causa do policiamento preventivo. O pessoal estava abordando e prendendo mesmo.

O senhor não respondeu a pergunta.Deliberador - Eu tive um desânimo sim, uma queda, mas vou levantar a cabeça e vou para cima.

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