
Blumenau e Itajaí - A Polícia Militar de Santa Catarina baixou ontem uma portaria para controlar o acesso de pessoas estranhas a áreas atingidas pela inundação e aos abrigos para onde a população desalojada está sendo encaminhada. Quem estiver no abrigo sem ser cadastrado ou estiver em uma área atingida sem ser morador do bairro será obrigado pela PM a se retirar. O objetivo é acabar com os assaltos nos abrigos e casas abandonadas, bem como com os saques que vêm ocorrendo a estabelecimentos comerciais.
A medida vale para 45 cidades 12 em estado de calamidade e 33 em situação de emergência. A Força Nacional, enviada a Santa Catarina para ajudar no resgate de desaparecidos e soterrados, também poderá passar a fazer policiamento para evitar novos roubos. O pedido foi feito pelo governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que ontem decretou luto oficial de três dias no estado.
A situação mais grave é em Itajaí onde muitos comerciantes não estão abrindo seus estabelecimentos por medo da onda de saques. Terça-feira, o supermercado Maxxi foi atacado por um grupo de moradores que levou principalmente bebidas alcoólicas do local. "Essas pessoas são vândalos, pois estão levando produtos que não são de primeira necessidade", afirma o capitão Marcelo Egídio Costa, chefe da Operação Proteção à Vida em Itajaí.
O cenário do supermercado, no bairro São Vicente, era de destruição. Todo o estacionamento estava tomado por produtos apodrecidos, com um cheiro muito forte, lembrando um lixão. Pela assessoria de imprensa, a direção do Maxxi informa que ainda não calculou o prejuízo.
Já o comerciante José Sérgio Oliveira, 44 anos, proprietário de um sacolão de frutas e verduras, entrou no vermelho no banco pela primeira vez desde que assumiu o estabelecimento há dez meses. Tudo por causa do saque de que foi vítima terça-feira, quando cerca de 30 pessoas levaram o estoque do estabelecimento, avaliado em R$ 25 mil. "Em uma semana, virei um devedor de R$ 8 mil no banco. Primeiro foi a chuva, que afastou minha freguesia. Depois foi o assalto. Agora só vou poder comprar por causa da amizade, do nome que tenho com meus fornecedores", ressalta Oliveira, que no dia anterior havia doado uma carga de frutas para uma creche na própria comunidade onde moram os saqueadores.
Mauro Victor, proprietário de um mercado também no bairro São Vicente, teve que negociar com os arruaceiros para reduzir o prejuízo no mesmo dia do saque ao sacolão de Oliveira. "Eles me disseram que ou eu entregava as coisas ou eles iam quebrar toda a minha loja", afirma o comerciante. Para evitar o pior, Victor cedeu aos arruaceiros cerca de R$ 3 mil em mercadorias, principalmente alimentos e cigarros. "Eles estavam fazendo um arrastão, indo de loja em loja", lembra Victor.
Já outro comerciante, também proprietário de um mercado e que prefere não se identificar, teve todo o estabelecimento quebrado pelos saqueadores. "O interessante é que eles iam direto nos cigarros e nas bebidas alcoólicas, principalmente nas mais caras", enfatiza.




