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Contorno Norte cruza área de proteção ambiental: trecho já está impactado, diz Ippuc | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Contorno Norte cruza área de proteção ambiental: trecho já está impactado, diz Ippuc| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
  • Veja por onde deve passar o contorno, de acordo com a nova proposta

As primeiras declarações de ambientalistas fazem acreditar que o novo projeto para retirar os trilhos de trem da área central de Curitiba não vai ter maiores problemas para conseguir aprovação oficial. Ontem, o próprio presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Vítor Hugo Burko, responsável pela concessão da licença ambiental, se disse favorável ao novo projeto de contorno ferroviário. A proposta anterior de contorno parou de tramitar sete anos atrás por vários motivos – o principal deles sendo a falta de condições para obtenção de licenciamento ambiental.

A nova alternativa proposta pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), em parceria com a Superintendência Estadual do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), prevê a transferência da ferrovia para o extremo oeste da cidade. O trem correria paralelo a duas rodovias: o Contorno Sul e o Contorno Norte. Assim como no projeto anterior, há um trecho que passa pela Área de Proteção Ambiental do Passaúna. Mas é um trecho menor, o que pode facilitar a aprovação. "Mas tudo dependerá da forma como o processo será conduzido", diz Burko.

Segundo Burko, o fato de o traçado da linha férrea da nova proposta entrar em uma APA não inviabiliza o projeto. "Há um nível de exigência maior, mas não inviabiliza. Passando ao lado do contorno rodoviário, não vai haver desconexão de uma nova área. Naturalmente, o impacto é menor [em relação ao projeto anterior]", opina o presidente do IAP. E esta é justamente a justificativa apresentada pelos autores da proposta.

Para os especialistas, a utilização do traçado dos contornos rodoviários pode ser mesmo um "pulo do gato". "A região norte da APA do Passaúna é a mais preservada. Por outro lado, por já existir um contorno rodoviário ali significa que já há um impacto para os dois lados da estrada. Então, do ponto de vista da vegetação, é indiferente o que vier a ser feito ali", explica o pesquisador e doutor em meio ambiente e desenvolvimento, Edson Struminski, que mapeou a APA do Passaúna em 2000. "Fazer a ferrovia ao longo de uma ligação viária existente minimiza a ocupação, porque você já tem o impacto que foi gerado pela construção da rodovia", diz a bióloga da SPVS, que mora na APA do Passaúna, Marília Borgo.

Segundo os ambientalistas, inclusive, o impacto da construção de uma ferrovia é menor do que o de uma rodovia. "A ferrovia é menos impactante que a rodovia. A rodovia tem mais tráfego e a tendência é adentrar mais na área, com a criação de ramais", explica o presidente da ONG Mater Natura, Paulo Pizzi.

Para os especialistas, contudo, é necessário prever ações para proteger os mananciais. "O problema ali não seria tanto da vegetação, mas mais da água. O Passaúna abastece Curitiba. Tanto no projeto quanto na operação tem de haver cuidado para que não caia produto químico no rio", diz Struminski.

E é justamente a preocupação com as áreas de mananciais que fazem com que o Ministério Público (MP) e o Conselho Gestor da APA do Passaúna tenham restrições à nova proposta. "Somos a favor da proposta do Dnit (feita no ano passado) de manter os trilhos na cidade, com o seu rebaixamento. Somos contra qualquer proposta que entre em área de manancial", afirma o procurador de justiça e coordenador da Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente, Saint-Clair Honorato Santos. "Setenta por cento da região metropolitana são de áreas de mananciais. Na represa do Passaúna já é possível observar a presença de algas. O contorno rodoviário já causou um impacto grande na região. E essa ideia de fazer o trilho junto ao canal extravasor do Rio Iguaçu é temerária", opina a diretora de meio ambiente da Sanepar e membro do Conselho Gestor da Apa do Passaúna, Maria Arlete Rosa.

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