Deputados federais e senadores da oposição tentam avançar nas investigações sobre exploração sexual de crianças e adolescentes na Ilha do Marajó. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) cobrou nesta quarta-feira (20) a instalação de uma comissão externa para acompanhar in loco as denúncias e a realidade da região.
De acordo com Damares, há muitos casos de violência na região e que os moradores estão cansados dessa situação. Ela destacou o caso da menina Vanessa Maia, de 14 anos, que foi encontrada morta após ter sido torturada e estuprada na cidade de Melgaço, em 15 de março.
“Os jornais estão publicando que ela foi torturada, estuprada e empalada, com apenas 14 anos de idade. Será que, toda semana, eu vou subir nesta tribuna e falar o nome de uma menina do Arquipélago do Marajó? Nós estamos apelando para o atual Governo: não se esqueçam do Arquipélago do Marajó! Não se esqueçam de cuidar das crianças do Marajó! Porque as famílias do Marajó não aguentam mais!”, disse Damares.
A senadora também cobrou uma atitude do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, em relação aos crimes contra as crianças. “Que o atual Ministro dos Direitos Humanos, que diz que não é negacionista, não o seja e tenha um olhar especial para o Arquipélago do Marajó!”, reforçou.
Em discurso no plenário, Damares ainda cobrou a aprovação do requerimento de urgência para criar a comissão externa de senadores para acompanhar e fiscalizar de perto a crise no Marajó.
“Que Deus tenha piedade das crianças do Marajó! Que Deus tenha piedade das crianças do Brasil! Nós temos o título de pior país da América do Sul onde nascer menina, e episódios como esse só reforçam esse nosso título”, declarou.
O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) também cobrou a instalação da comissão temporária, e ressaltou a importância de visitar alguns municípios, como de Melgaço, que apresenta o mais baixo IDH do Brasil; “lá onde a questão social é tão séria, tão complicada”.
“A Casa precisa dar a cara e mostrar sua relevância. A gente não pode ficar só aqui no ar-condicionado do Plenário, no ar-condicionado do gabinete, correndo nos ministérios. Quem representa a população precisa estar presente na população”, disse.
Marinho lamentou que deputados estaduais do Pará não aprovaram o pedido de CPI na Assembleia Legislativa, para investigar as denúncias de exploração sexual. “Infelizmente, a bancada governista da Assembleia Legislativa barrou o requerimento de CPI para que os deputados estaduais não fossem ali, não verificassem, não fossem para cima. É estranho isso. Eu acho que a gente só corrige alguma coisa, algum erro, se tiver coragem de enfrentar o erro. Então o governo do estado precisava permitir isso, já que não está fazendo absolutamente nada com relação a essas coisas”, alertou.
Comissão da Câmara realizará debate sobre o Marajó
A Comissão de Direitos Humanos na Câmara aprovou nesta quarta-feira (20) requerimento do deputado federal Messias Donato (Republicanos-ES) para a realização de audiência pública para debater a situação das crianças e dos adolescentes na Ilha do Marajó, tendo em vista as denúncias de violência sexual.
"Conseguimos um importante avanço com a aprovação de nosso requerimento. Agradeço aos colegas pelo apoio e acredito que conseguiremos trazer ainda mais visibilidade sobre essa trágica realidade e encontraremos soluções para o problema, tanto no suporte às vítimas quanto na severa punição aos criminosos”, afirma Donato.
Para ele, a audiência será "uma oportunidade para a sociedade civil, autoridades governamentais, organizações não governamentais e cidadãos engajados se unirem em um esforço coletivo para proteger os direitos e a dignidade das crianças e adolescentes do Marajó".
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