• Carregando...

Após a intensificação dos conflitos entre fazendeiros e índios pataxós Rã-rã-rães no sul da Bahia, a Polícia Federal mandou agentes do Comando de Operações Táticas (COT) à região. O COT - uma espécie de "tropa de elite" da PF treinada para a contenção de distúrbios - já está na cidade de Pau Brasil, (a 551 km de Salvador). Também nesta segunda-feira, a antropóloga Marta Maria do Amaral Azevedo foi nomeada presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Nos últimos dias, um trabalhador rural foi morto, e um índio foi atingido por um tiro na perna, na região. Homens encapuzados também incendiaram um caminhão que transportava trabalhadores.

"Ao todo são 30 homens, somados com os agentes da PF de Ilhéus e agentes do Grupo de Pronto Interdição (GPI), vindo de Salvador", informou o delegado federal Alex Cordeiro Drumonnt, responsável pela operação da PF em Pau Brasil.

Na manhã de domingo, representantes da Funai, PF e lideranças indígenas reuniram-se em uma das 12 fazendas ocupadas pelos Hã-hã-hãe.

"O objetivo é chegar a um entendimento entre índios e fazendeiros para evitar os conflitos, a exemplo do que ocorreu na última sexta-feira", informa o delegado Alex.

O segurança Júlio Cesar Passos Silva, 31, foi morto na Fazenda Santa Rita, e o índio Ivanildo dos Santos, 29, foi alvejado, sexta-feira, na perna esquerda durante confronto. O corpo do segurança foi resgatado na tarde de domingo já em estágio avançado de decomposição e o índio permanece internado no Hospital de Base Luiz Eduardo Magalhães em Itabuna, para onde foi encaminhado.

"A proposta dos índios é permanecerem nas 12 fazendas ocupadas em Pau Brasil, até o julgamento da ação (sobre a posse das terras), evitando novas mortes e a retomada das duas ultimas fazendas", informa José Antonio Flores Martins, um dos quatro representantes da Funai que participava da reunião.

"O próximo passo é marcar um encontro com os fazendeiros para tentar um acordo", acrescenta o delegado Alex.

Pela manhã, produtores rurais reuniram-se na cidade de Itabuna, para tratar dos últimos acontecimentos na região. Segundo o fazendeiro Marcos Gaspar, a proposta dos índios não será aceita pelos produtores.

"O que queremos são as nossas 68 propriedades de volta, invadidas por esses que se dizem índios", enfatiza.

No domingo, vaqueiros retiravam o gado de uma propriedade próxima onde há Rã-rã-rães e informaram que na fazenda Indiana o gado permanece preso no curral desde sexta-feira. De acordo com o proprietário da fazenda, Geraldo Pinto Correia, o caminhão que seguia com os vaqueiros para a propriedade foi cercado pelos indígenas que atearam fogo.

"Eles chegaram com as armas e fizeram os trabalhadores de reféns", acrescenta.

O Cacique Nailton Muniz, uma das três lideranças à frente das ocupações de fazendas confirma a interceptação do veículo pelos índios, que segundo ele, haviam pistoleiros. Muniz nega que os indígenas tenham ateado fogo ao caminhão.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]