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Rafael Bussamra e o advogado Spencer Levy chegam para o depoimento: motorista nega que tenha participado de racha | Fabio Gonçalves / O Dia
Rafael Bussamra e o advogado Spencer Levy chegam para o depoimento: motorista nega que tenha participado de racha| Foto: Fabio Gonçalves / O Dia

Entrevista: "Originalmente, a corrupção era parte da função policial"

A corrupção policial se confunde com a própria história da polícia. A informação é do doutor em História e professor Marcos Bretas, um estudioso do funcionamento da polícia no Brasil. Segundo ele, quando a polícia foi constituída a função não previa pagamento ou, quando previa, os salários eram baixíssimos.

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Rio de Janeiro - Em novo depoimento ontem, Rafael Bussamra, 25 anos, motorista que atropelou e matou o filho da atriz Cissa Guimarães, Rafael Mascarenhas, disse que foi impedido de registrar a ocorrência pelos policiais militares Marcelo Leal Martins e Marcelo Bigon, que pararam seu carro logo após o acidente. Bussamra atropelou o músico de 18 anos no túnel Acústico, na Gávea, que estava interditado ao tráfego, na madrugada do último dia 20.

Rafael disse que ligou para o pai, o empresário Roberto Bussamra, a mando dos policiais, pedindo que o encontrasse. Após estacionar o carro amassado em um posto de gasolina, Rafael entrou na viatura e foi levado à rua Pacheco Leão, no Jardim Botânico, lugar marcado para o encontro com o pai, que estava acompanhado de outro filho, Guilherme. Lá, o sargento e o cabo teriam exigido pagamento pela "ajuda".

"Eles fizeram tortura psicológica. Disseram que tinham desfeito o local do atropelamento e feito um Boletim falso, informando a placa errada ao batalhão, e queriam saber o que o Roberto poderia dar em troca’’, disse o advogado de Bussamra, Spencer Levy.

Guilherme teria insistido para ir à delegacia. "Se forem lá vão ferrar a gente, mas também ferramos vocês. Eu sei onde moram e tenho seus telefones. Se tentarem ir até lá, isso não vai ficar barato’’, teria respondido o sargento. Após cobrar R$ 10 mil para acobertar o caso, os PMs teriam ficado ao lado do carro, esperando o reboque, para garantir que a família não fosse à delegacia – em seu depoimento, o pai disse que chegou a lhes dar R$ 1.000.

"Eles [os PMs] não se preocuparam com o estado de saúde da vítima. Meu cliente foi retirado do local do acidente e acompanhado para um local onde foi feita a exigência [da propina]", disse Levy. "Para o meu cliente era muito tranquilo vir até a delegacia, porque o quadro era de lesão corporal culposa." A delegada Bárbara Lomba disse que Roberto e Rafael Bussamra devem ser indiciados por corrupção ativa.

Perícia no GPS da viatura dos PMs revelou que o trajeto feito por eles coincide com a versão de Bussamra. Rela­tório mostra que os PMs seguiram, antes das 4 horas da última terça-feira, até o túnel Rebouças. Em seu depoimento, Roberto Bussamra, pai do jovem, contou que os policiais o escoltaram até o local com o guincho que levava o Siena que atropelou Mascarenhas.

Reconstituição

Os túneis Acústico e Zuzu Angel foram interditados entre a meia-noite e as 5 horas da manhã, para que a polícia fizesse a reconstituição do atropelamento. Spencer Levy disse que o Siena não tinha condições de disputar um racha. "Um Siena mil apostar corrida com um Honda Civic seria a mesma coisa que uma motocicleta apostar corrida com uma bicicleta", afirmou. Até o início da noite de ontem, a Justiça Militar não tinha informações sobre o pedido de prisão preventiva dos PMs. Os dois estão em prisão administrativa.

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