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Apesar das dimensões continentais do programa Bolsa-Família, este ainda é apenas o início do combate à pobreza. Ângela Vini­­cius e seus sete filhos fazem parte das 226 mil famílias pobres do país que teriam direito ao benefício, mas que não são localizadas pelos gestores municipais. O dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, por vezes, pessoas em condições de extrema pobreza acabam esquecidas até mesmo pelas políticas sociais, pois nem sabem que elas existem e que são um direito.

Em 2010, segundo a estimativa, o governo gastou cerca de R$ 13 bilhões com o Bolsa-Família, que chega a 12,7 milhões de brasileiros. A ampliação dos gastos sociais no governo Lula deu resultados. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atualmente o Brasil tem 40 milhões de pessoas na pobreza, contra 61 milhões em 2003; há oito anos eram 22 milhões de pessoas na miséria, hoje são 13,5 milhões.

Um dos compromissos da presidente Dilma Rousseff é erradicar a miséria e reduzir a pobreza até 2014. Uma meta difícil. A pobreza não é eliminada apenas com transferência de renda, mas com serviços que ainda não foram universalizados, como emprego pleno, saúde, saneamento, moradia e educação de qualidade.

O Paraná se destaca neste cenário. Projeções do Ipea colocam o estado como pioneiro na erradicação da pobreza absoluta, em 2013. O estado ainda possui programas como o Leite das Crianças e o Luz Fraterna, que chega a cerca de 220 mil famílias. Os próximos gestores terão de pensar em desenvolvimento municipal e regional, atentando para as regiões mais pobres, como o Vale da Ribeira.

A professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Jucimeri Isolda Silveira avalia que o estado ainda sofre com o modelo de desenvolvimento, que priorizou grandes centros e acelerou o fluxo migratório. Para ela, não há como distribuir renda sem resolver o problema da concentração de terra. Jucimeri acredita, no entanto, que o investimento na agricultura familiar e o bom momento econômico contribuíram para criar um cenário positivo no estado.

Para o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Chico Menezes, a questão central é a invisibilidade da pobreza mais extrema. Há pessoas que estão em uma situação de vulnerabilidade tão grande que não conseguem buscar seus direitos por conta própria. "Esse seja talvez nosso maior desafio. Não chegamos a todos. As pessoas que vivem na pobreza extrema têm todos os direitos negados."

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