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O sociólogo Pedro Bodê, coordenador do Centro de Estudos sobre Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR, diz que o risco da ação de uma polícia paralela é o pior possível. "Esta prática produziu o justiceiro em São Paulo, a milícia no Rio de Janeiro, e um pouco antes os grupos de extermínio. São aparelhos e aparatos paralelos ao Estado. Este é o pior dos cenários e deve ser combatido, porque usurpa do Estado o dever de fazer segurança pública. E aí, neste aspecto, a tolerância tem de ser zero." O especialista lembra ainda que, fora o Estado, só as empresas de segurança registradas e reconhecidas pelo próprio Estado podem atuar nesta área.

A ação dos justiceiros também é críticada pelo procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador no estado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). "Vejo isto com extrema preocupação. Isto corresponde a uma escalada que vai levar à expulsão do poder público." Batisti ressaltou, no entanto, que a realidade é diferente, embora algumas pessoas tenham relatado ações de justiceiros para a reportagem. "Não é possível pensar numa situação generalizada. Os serviços de inteligência ainda não constataram este tipo de situação", completa.

Segundo Leonir Batisti, a solução é o combate sério à criminalidade. Ele diz que a população precisa confiar nas autoridades da área de segurança pública, que devem mostrar serviço e ser dignas da confiança da população. "A subnotificação de ocorrências é uma realidade no país, onde as pessoas desistem de procurar a polícia pelo burocracia, e porque nem sempre a polícia consegue devolver o objeto furtado ou roubado. Isto ocorre por insuficiência do setor público, por falta de recursos."

Ele lembra que a eficiência policial nos crimes patrimoniais é mínima. "Mas nem por isso temos conhecimento de milícias. Isto pode estar acontecendo em lugares pontuais, porém o Ministério Público está aberto para receber essas informações, de abusos cometidos por milícias e justiceiros na área de segurança pública." (JNB)

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