Cerca de 100 policiais participaram de operação no Alto Maracanã: 16 pessoas detidas, incluindo a delegada| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Delegacia fica fechada

Com mais da metade dos policiais presos, a Delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, que atende a uma das regiões mais violentas do estado, ficou fechada ontem. Um cartaz na entrada orientava o público ontem a procurar a Delegacia de Colombo, no centro da cidade, para registrar boletins de ocorrência.

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Advogados de acusados negam crime

A delegada Márcia Rejane Vieira Marcondes, titular da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, disse para seus advogados de defesa que não cometeu nenhum crime. "A minha cliente afirma que é inocente", disse o advogado Beno Brandão.

O defensor de Walter Ronaldo Basso, um dos advogados presos na operação, informou que seu cliente está tranquilo e que vai provar a inocência à Justiça. "Ele tem um passado ilibado em Colombo. Foi uma prisão precipitada", disse o advogado João Paulo Bonfim.

Sobre a prisão do também advogado João Batista de Arruda Júnior, o seu defensor não vai se manifestar sobre o assunto. "Eu ainda não tive acesso aos documentos sobre a prisão", alegou o advogado Claudio Marcel Trevisan Ferreira, que o representa. Na mesma posição se colocou o advogado Joacir Favero, contratado pelo superintendente da Delegacia de Alto Maracanã, José Antônio Braga.

Já os defensores dos outros investigados (policiais, o funcionário municipal cedido à Vara Criminal de Colombo e informantes da polícia) não foram localizados pela reportagem da Gazeta do Povo para comentar as prisões.

Da Redação

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Investigações do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP) Estadual, levaram ontem à prisão preventiva de 16 pessoas em Colombo, região metropolitana de Curitiba. Entre os detidos estão dez policiais civis da Delegacia do Alto Maracanã. Outras quatro pessoas estão foragidas. O grupo é acusado de concussão (extorsão cometida por servidor público), corrupção passiva e formação de quadrilha.

Traficantes que atuam em Colombo seriam o alvo de extorsão. Os policiais detidos investigavam a venda de drogas na cidade e chegavam a fazer prisões. Enquanto o acusado era mantido ilegalmente na Delegacia do Alto Maracanã, policiais e advogados entravam em contato com a família ou com os líderes do tráfico exigindo valores entre R$ 2 mil e R$ 50 mil para libertá-los.

Entre os policiais presos estão a delegada Márcia Rejane Vieira Marcondes e o superintendente da delegacia, José Antônio Braga, além dos advogados João Batista de Arruda Júnior e Walter Ronaldo Basso, e de um servidor municipal que trabalhava no Cartório Criminal da cidade. Além das prisões, feitas pelo Gaeco com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e da Polícia Militar, 25 mandados de busca e apreensão também foram expedidos pela Justiça. No total, cerca de 100 policiais participaram da operação.

De acordo com o promotor de Justiça Leonir Batisti, coordenador do Gaeco no Paraná, o grupo agia de três formas. Ao prender um traficante, os policiais entravam em contato com os advogados para que intermediassem com os familiares ou os líderes do tráfico a negociação dos valores a serem pagos para soltá-los. O segundo método seria fazer prisões em flagrante, mas, mediante pagamento, não registrar o auto de flagrante, permitindo que o traficante respondesse ao processo em liberdade. A terceira forma de coação seria entrar em contato com traficantes ameaçando-os de serem arrolados em outros inquéritos aos quais não respondiam criminalmente. "Chegamos a oito casos de extorsão desde o início das investigações, em setembro", aponta o promotor.

No cumprimento dos mandados judiciais, aponta o promotor, foram encontrados na casa de dois policiais presos ontem os montantes de R$ 7 mil e de R$ 9 mil em dinheiro. "Vamos investigar a origem deste dinheiro apreendido nas residências destes policiais", ressalta Batisti.

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De acordo com o secretário de estado da Segurança Pública (Sesp), Luiz Fernando Delazari, a liberação de apenas um dos traficantes pode ter rendido ao grupo R$ 30 mil. "Antes de serem presos, esses policiais fizeram o pedido mais alto para liberar alguém que constatamos durante as investigações, no valor de R$ 50 mil", afirma o secretário.

Segundo o delegado do Cope, Miguel Stadler, que participou da operação, a delegada e a escrivã foram encaminhadas para o Centro de Triagem I, no anexo da Polícia Civil no 1.º Distrito Policial, no Centro de Curitiba. Já os outros policiais foram encaminhados para o Centro de Triagem II, em Piraquara, na região metropolitana.