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Na faculdade e empregado, Cristian Oleguini acha que esforço leva à superação | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Na faculdade e empregado, Cristian Oleguini acha que esforço leva à superação| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

O caso do auxiliar de informática Cristian Oleguini, 22 anos, mostra como a lei pode mudar tudo, anos depois. Foi na faculdade, onde cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas, que ele soube de uma vaga na empresa de petroquímica Exxon Mobil – e que tinha direito de concorrer a ela como cotista. Ao chegar na empresa, descobriu que antes precisaria participar de uma capacitação oferecida pela companhia em parceria com a Uni­­versidade Livre Para a Eficiência Humana (Unilehu), que atua na qualificação de pessoas com deficiência. Com dez certificados na mão e um emprego que lhe dá autonomia, foi incentivado a entrar para a universidade e hoje é exemplo para os quatro irmãos que ainda não estão no ensino superior.

Morador de Colombo, Cristian sofre para pegar três ônibus e se locomover no espaço apertado, muitas vezes não respeitado pelos demais. Não se abala. "Gosto de suar a camisa. Se não exige esforço, não se dá valor. Se eu deixasse a deficiência me abalar, estaria deitado em uma cama." Para ele, a grande dificuldade para se arranjar emprego é a capacitação, que deve ser mais específica à área de atuação e ao perfil da pessoa com deficiência.

Com história parecida, o bancário Edenir Marques da Silva, 31 anos, que trabalha desde 2010 no setor jurídico do HSBC, conta que, mesmo com a lei, muitas empresas públicas e privadas ainda não estão adaptadas. Em dezembro, após passar em um concurso, na hora de ser empossado, deparou-se com a cara de espanto dos funcionários. "Um deles me disse que não esperava que o deficiente que havia entrado pela cota seria cego, e sim alguém com uma deficiência mais leve. Lembro até hoje o que me disseram: ‘Você pode até tentar, mas acho que aqui não tem lugar para você’. Nunca me senti tão humilhado", diz.

O bancário, que trabalha desde os 18 anos, diz que está acostumado com o preconceito. Uma vez, trabalhava fazendo serviços de escritório em uma empresa, mas pouco depois, o chefe "baixou" uma regra afirmando que todos os empregados deveriam ter carteira de motorista. Como não pode dirigir, foi mandado embora. Não desistiu e, após formar-se em Marketing e Propaganda e capacitar-se pela Unilehu, foi contratado pelo banco. Com um software, tudo que o bancário escreve é lido por um comando de voz. A tela é ampliada, já que ele ainda tem cerca de 20% da visão.

Edenir conta que o apoio e a confiança da família foram fundamentais para que ele acreditasse no próprio potencial. Quando criança, a mãe fez questão de que estudasse em uma escola regular. "Isso foi muito importante. Estudar com quem não tem deficiência te empurra para a frente. Você sabe que precisará correr atrás do que quer."

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