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Estou escrevendo esta coluna no dia 21 de dezembro de 2012. Espero que ela seja publicada "hoje", ou seja, no dia 24 de dezembro. Alguns leitores, que já adiantaram as compras de Natal, certamente passarão os olhos nela, talvez atraídos pelo título, talvez por condescendência. Ainda me resta meia dúzia de seguidores. Se tudo isso que escrevo acontecer, o mundo não acabou. Assim como não vai acabar por causa das flexões acima: presidenta, coronela e generala.

Mas foi isso que sugeriu um leitor – claro que no sentido figurado. Imagino. Sei que o assunto faz paixões aflorarem, e quase sempre tentamos decidi-lo na base do "está errado" ou do "está certo". Vamos com calma.

O princípio básico para quem estuda língua é jamais divorciá-la da sociedade. Dependendo das mudanças na sociedade, haverá mudanças na língua, algumas mais, outras menos perceptíveis. Mas sempre haverá. Um exemplo bem simples: o internetês data de pouco tempo, pois era impossível existir antes da internet. É claro.

O mesmo raciocínio deve ser usado para compreendermos a entrada dos femininos presidenta, coronela e generala no português. Observação: não sei se as Forças Armadas adotam essas flexões. Dada a ascensão da mulher a postos de comando antes exercidos apenas por homens, era de se esperar que esse fenômeno histórico, cultural e social impactasse as flexões de gênero. Não se trata de uma questão nova, aliás. No começo do século 19, já tínhamos o registro de "capitoa", que depois virou "capitã". Analogamente, "alemoa" passou para "alemã". O novo status do gênero feminino (da mulher) está mudando o gênero feminino (gramatical).

Para quem não gosta da palavra "presidenta" é só não usar, pois existe "presidente". Os aliados da presidente Dilma, que são numerosos, não têm essa opção. Hoje, um monte de gente que a chamava de poste (lembram?) prefere presidenta mesmo (como em "querida chefa presidenta").

Feliz Natal!

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