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A prisão de Ivanildo Sitorski, um dos ladrões de carga mais procurados do país, teve novo desdobramento na tarde desta quinta-feira. Outras três pessoas foram presas acusadas de envolvimento com a quadrilha, na sede do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). São os irmãos, Paulo e João Franz e Elizabetha Zanella. Ela é mãe do estudante Rafael Rodrigo Zanella, morto em 1997 por policiais civis no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba.

Após investigações do Cope, a polícia prendeu na tarde desta quarta, no bairro Santa Quitéria, Paulo Franz, 56 anos, acusado de ser o receptador das cargas roubadas pela quadrilha de Sitorski. Na casa de Franz foram encontradas uma pistola calibre 380, R$ 35 mil reais em cheques e dinheiro, e cinco colchões, que seriam fruto de um assalto realizado pela quadrilha no dia 14 de junho.

Como havia grande quantidade de cheques em nome de Elizabetha, a polícia foi até a sede da empresa dela, uma distribuidora de cigarros. Lá foram recolhidas 19 caixas de cigarro. Por iniciativa própria, segundo o advogado, ela levou os policiais até sua casa onde foram encontradas mais quatro caixas. "Todas as caixas encontradas na sede da empresa são legais, tanto é que já foram devolvidas. Existem notas fiscais que comprovam a legalidade", afirma Julio Militão da Silva, advogado de Elizabetha.

As quatro caixas encontradas na casa de Elizabetha não apresentavam documentos. Segundo Militão, as caixas eram do irmão dela, Paulo. "O Paulo pediu para deixar as caixas ali, para fazer uma viagem. Minha cliente mal sabia do que se tratava, o que as caixas continham e muito menos que eles eram provenientes de roubo".

Surpresa ao saber que as caixas seriam roubadas e que o irmão tem ligações com a quadrilha de Sitorski, Elizabetha alega inocência. "Estamos estarrecidos. A Elizabetha é completamente inocente. Inclusive, a pedido dela, já estou providenciando uma acareação entre ela e o irmão, para ver se ele tem coragem de acusá-la de algo", afirma Militão.

O advogado dela refuta todas as acusações. "Isso é um grande equívoco. Nem eu, nem minha cliente, entendemos o que está acontecendo. A dona Elizabetha trabalha há anos com esse tipo de comércio, dentro da mais completa legalidade".

Os três foram presos em flagrante sob acusação de receptação de produtos roubados. Paulo também é acusado de formação de quadrilha. O advogado Militão já entrou com um pedido de relaxamento de flagrante para Elizabetha. Se não for aceito, ele entra ainda essa semana com o pedido de habeas-corpus.

Assassinato

Em 28 de maio de 1997 o estudante Rafael Rodrigo Zanella, filho de Elizabetha, foi assassinado no bairro Santa Felicidade. Na época o caso gerou muita polêmica. Policiais do 12.º Distrito Policial abordaram Rafael e mais três amigos. Os policiais alegaram resistência à prisão e deram um tiro na cabeça do estudante. No carro teriam sido encontradas uma arma e certa quantidade de drogas.

Uma análise da perícia, porém, mostrou que toda a cena do crime foi montada pelos policiais para justificar a morte acidental de Rafael. Na verdade, o tiro foi disparado por um informante da polícia que estava junto com os oficiais. Os outros três integrantes do carro foram torturados e coagidos pela polícia para que mentissem em seus depoimentos. Todos os polícias envolvidos, e o informante, foram condenados à prisão.

Questionado sobre a possibilidade da prisão de Elizabetha ser um tipo de represália aos acontecimentos de 1997, já que na época a família foi ameaçada por policiais, o advogado Militão não acredita em nenhuma ligação entre os dois casos. "Minha cliente sequer pensou nesta possibilidade. Ela apenas acredita que foi 'traída' pelo irmão e está arrasada com isso. Não acreditamos que haja alguma ligação entre aquele equívoco absurdo de 1997, com mais este equívoco".

Veja na reportagem em vídeo, como foi a apresentação dos três acusados na sede do Cope

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