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A professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) acusada de racismo por duas alunas do curso de Pedagogia deve ser intimida a depor no 1º Distrito Policial (DP) de Curitiba na semana que vem. Ela será convocada para dar explicações no inquérito que a acusa de injúria. Segundo o Boletim de Ocorrência (BO), a professora teria dito "duas macaquinhas comendo banana" enquanto as estudantes lanchavam. O caso aconteceu no dia 11 de abril, mas o registro na delegacia foi feito no último dia 3.

Já foram ouvidas duas testemunhas do caso. Apenas uma delas realmente presenciou o episódio. "Essa pessoa relatou que a professora disse: ‘a macaquinha não esqueceu de trazer sua banana´", falou o delegado-adjunto do 1º DP, Vinicius Borges Martins. Segundo ele, uma terceira testemunha deve ser ouvida antes de a professora ser intimada. O nome da professora e das alunas foi preservado.

Após a agressão, o Setor de Educação e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da universidade promoveram um diálogo entre as alunas e a docente. Na oportunidade, a professora teria pedido desculpas e dito que a frase não teria sido dita por maldade. As alunas teriam aceitado a retratação. Porém, cartazes apócrifos ridicularizando a professora foram distribuídos e a UFPR abriu uma sindicância para apurar os autores dos panfletos. A docente recebe, desde então, acompanhamento médico.

Nesta semana, uma das alunas explicou o motivo de ter procurado a Polícia Civil mesmo após aceitar o pedido de desculpas. "Essa é uma situação recorrente. Sempre acontece e ninguém fica sabendo, acaba não registrando nada", desabafou. A universitária disse que há uma proposta de levar o debate sobre o episódio para a semana acadêmica do curso. "Se isso acontecer, eu acredito que as pessoas vão ficar mais atentas e pensem um pouco antes de falar, pensem um pouco no outro."

Sindicância

A diretora do Setor de Educação da UFPR, Andrea Caldas, afirmou nesta sexta-feira (11) que a instituição aposta no diálogo e considera o episódio do racismo encerrado após o pedido de desculpas. Para ela, mesmo após o registro do BO, não há previsão de a discussão sobre o episódio ser retomada. "Nós não podemos fazer nada, ele (Boletim de Ocorrência) está fora do âmbito da universidade. Neste momento, não acho que haja clima para estabelecer um novo diálogo. Quando você busca uma alternativa fora é porque você não acredita que possa ser resolvida alguma coisa dentro da universidade." Porém, ela informou que deve ser realizada uma campanha para debater o racismo dentro da universidade. "Possivelmente na TV UFPR", adiantou.

Caldas informou ainda que a sindicância aberta para apurar a autoria dos cartazes apócrifos apresentará a identidade dos autores ao Conselho Setorial de Educação na próxima quarta-feira (16). "O objetivo não é punir, mas de identificar os responsáveis e estabelecer um diálogo", disse.

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